Manoel Ramires/Senge-PR
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Se o processo de privatização da Copel não for paralisado, não será surpresa que um consórcio britânico leve boa parte das ações leiloadas na Bolsa de Valores. É o que desconfia o Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), que encaminhou ofícios para a embaixada do Reino Unido no Brasil e para o Ministério das Relações Exteriores. Nos documentos, a entidade chama atenção para a possibilidade de ingleses atuarem na eleição presidencial em 2022, favorecendo uma candidatura, com vistas a ter benefícios no Brasil. Coincidentemente após o segundo turno, desperta igual desconfiança a privatização da Copel por parte do governador Bolsonarista Ratinho Junior, em um tema que foi omitido da eleição.
Os ofícios foram encaminhados à embaixadora Britânica no Brasil, Stephanie AL-Qaq, e ao ministro das Relações Exteriores, embaixador Mauro Vieira. À Britânica, duas reportagens denunciam um acordo que pode trazer prejuízos ao Brasil. O documento enviado pelo Senge-PR, portanto, questiona:
“Ora, por mera coincidência, no dia seguinte ao do segundo turno das eleições, ainda na manhã do dia 31 de outubro de 2022, o candidato então reeleito governador do Paraná, nosso Estado, o Sr. Ratinho Junior, determinou, por meio de uma comunicação aos acionistas da Copel (Companhia Paranaense de Energia), com base no assim intitulado, “Fato Relevante 04/22”, de que o Governo do Estado, que ainda é o acionista controlador da companhia, de que iria proceder a venda de ações da Copel”.
O texto do Governo do Paraná diz que “comunico que hoje, 31 de outubro de 2022, foi solicitado ao Conselho de Controle das Empresas Estaduais – CCEE, por meio do e-Protocolo nº 19.665.765-7, informações técnicas a fim de subsidiar modelo para potencial operação no mercado de capitais em que se otimize o investimento do Estado do Paraná na Copel, preservando participação societária relevante do Estado na Companhia”.
O Senge-PR, por sua vez, ainda destaca que “por mera coincidência, uma das últimas decisões do ex-presidente da República, derrotado no processo eleitoral, foi justamente autorizar a venda de ações e de renovação dos contratos de concessões das usinas hidrelétricas da Copel”.
As “coincidências”, no entanto, retroagem ao início do Governo Bolsonaro. Na reportagem “Bolsonaro entregou setor energético aos britânicos”, escrita por Marcus Atalla, ele observa que “documentos obtidos pela Lei inglesa de Liberdade de Informação expuseram encontros secretos de Bolsonaro com agentes do Estado britânico e representantes das companhias petrolíferas, num acordo lesivo ao povo e à nação brasileira”.
Diante desses elementos, o sindicato questiona o Itamaraty sobre a possibilidade de prejuízos ao povo paranaense e brasileiro caso a privatização da Copel não seja interrompida. “Desperta preocupação a nossa entidade e igualmente ao povo paranaense de que essa venda de ações seja direcionada para um grupo investidor do Reino Unido, em acordo firmado durante processo eleitoral de 2022 que, sendo concretizado, poderá trazer prejuízos aos interesses nacionais”, indaga o Senge-PR.
Atualização: Este texto foi atualizado na quarta-feira, 03 de maio de 2023, para esclarecer o destinatário dos questionamentos do Senge-PR. O ofício foi encaminhado à embaixada do Reino Unido no Brasil.