Fugir de um trote universitário abusivo e violento e plantar boas ações para colher cidadania. Como fazer isso? Um exemplo é reunir mais de uma centena de estudantes para pintar e fazer a limpeza de uma escola estadual em Curitiba. Isso é o que o Senge Jovem fez no início do ano com os calouros de engenharia da UFPR.
Futuros engenheiras e engenheiros de produção, química e bioprocessos e biotecnologia participaram da ação do trote solidário, uma realidade cada vez mai presente nos ambientes acadêmicos.
O trote solidário consiste na promoção de atividades e ações que beneficiem a sociedade. A ação deste ano foi desenvolvida junto ao Colégio Estadual Maria Aguiar Teixeira, no bairro Capão da Imbuía, em Curitiba. Foram pintados os muros e realizado uma limpeza na área externa da escola.
“Os calouros ficaram animados com a iniciativa, esperamos que eles continuem realizando ações como essas, ou atividades de extensão universitária, para que retribuam para a sociedade todo o investimento que será realizado neles”, afirma Letícia.
Por mais trotes solidários e menos truculência e violência nas universidades – positivas e promotoras da cidadania, as ações do trote solidário, além de auxiliar a sociedade, também integram as medidas de combate ao trote abusivo, que vitimam todos os anos estudantes em inúmeras instituições públicas e privadas de ensino.
O primeiro caso de morte decorrente de trote no país data de março de 1831, na Faculdade de Direito de Olinda, em Pernambuco, segundo levantamento do psicólogo e doutor em educação, Antônio Álvaro Soares Zuin, no livro “Trote Na Universidade: passagens de um rito de iniciação”. A vítima, Francisco da Cunha e Menezes, foi morto a facadas ao resistir ao trote violento.
De lá pra cá, são apontados, sobretudo na imprensa, anualmente inúmeros casos de relatos de violência envolvendo trotes acadêmicos. Mesmo sem um estudo estatístico completo sobre o tema, os dados em pesquisas pontuais já são alarmantes.
Uma pesquisa feita pela professora do curso de medicina da USP, Maria Ivete Castro Boulos, em 2015, e que embasou a CPI dos Trotes em São Paulo, revelou mais de 110 casos de estupros ocorridos apenas na USP, maior instituição universitária da América do Sul.