Setor Público do Paraná tem déficit no quadro de engenheiros

Senge Paraná
23.OUT.2013
Para Granato, do Dieese, os dados da RAIS 2012 são um alerta ao sindicato dos engenheiros.
Para Granato, do Dieese, os dados da RAIS 2012 são um alerta ao sindicato dos engenheiros.

Em um ano, a administração pública do Estado gerou apenas 20 postos de trabalho no setor de engenharia. Na administração direta estadual, o quadro técnico está em fase de aposentadoria e o salário de entrada é baixo, equivalente a menos da metade do piso nacional de engenharia. A análise dos dados da Rais foi elaborada pelo economista Nelson Nei Granato Neto, da subseção do Dieese no Senge-PR.

Dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS 2012), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego neste mês de outubro, e analisados pelo economista da Subseção do Dieese no Senge-PR, Nelson Nei Granato Neto, apontam que no Paraná o emprego de engenharia no setor público teve o acréscimo de apenas 20 postos de trabalho, desempenho pífio causado principalmente pelo saldo negativo de 70 engenheiros no quadro do funcionalismo público estadual no ano passado comparativamente ao ano anterior.

Outro grande destaque negativo relacionado à administração pública estadual foi a diminuição de 188 empregos de engenharia nos serviços industriais de utilidade pública (energia elétrica, água e esgoto e gás encanado), atendidos por empresas como a Copel, Sanepar e Compagas. O setor atendido por estas empresas estatais foi o que também teve a maior diminuição do salário real médio em 2012 (queda de 7,4%), apesar de manter a maior remuneração média dos engenheiros (R$ 11.022) entre os setores da atividade econômica.

No que diz respeito aos quadros de engenharia da administração pública direta, o cenário ainda é pior para a categoria. A maior parte dos engenheiros do estado tem 23,8 anos de tempo médio de emprego (chegando a 27 anos nas autarquias estaduais) e está em fase de aposentadoria. Além disso, a renovação desses quadros esbarra na barreira salarial, uma vez que a remuneração de entrada para os profissionais de engenharia é de R$ 3.005,69 valor que equivale a menos da metade do piso nacional da categoria que é de 9 salários mínimos para oito horas de trabalho (R$ 6.102,00, considerando o mínimo atual de R$ 678,00).

“Na administração pública direta o quadro é envelhecido. Os engenheiros que estão na ativa têm média salarial alta pelo tempo de serviço, mas estão prestes a se aposentar. O baixo salário de entrada inibe que novos engenheiros optem pela carreira no Estado”, alerta o diretor do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná, Valter Fanini.

Na opinião de Fanini, o fracasso do Estado no atendimento da população com infraestrutura, nas mais diversas áreas, é o reflexo direto da falta de profissionais de engenharia que são os responsáveis pela elaboração de projetos e fiscalização de obras públicas.
Para o economista Nelson Nei Granato Neto, do Dieese, os dados da RAIS 2012 são preocupantes para o sindicato, porque duas das suas principais bases (setor de energia elétrica e funcionalismo público estadual) estão encolhendo.

Os dados da RAIS 2012 mostram que o Paraná mantém a quarta posição nacional no mercado de trabalho de engenharia do país, à frente do Rio Grande do Sul e a Bahia e atrás de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em dezembro de 2012, eram 14.597 engenheiros no mercado de trabalho formal do estado, 609 a mais que em dezembro do ano anterior, um crescimento de 4,4% no período, abaixo do crescimento nacional que foi de 5,5%. O salário nominal médio dos engenheiros paranaenses no ano passado foi de R$ 7.771, o que representa um aumento real de apenas 0,1% ao registrado no ano anterior e 12% abaixo da média nacional.

Lideram a geração de empregos formais no setor a engenharia civil e a agronomia, concentrando 32% e 20%, respectivamente. Por ser o Paraná um dos líderes nacionais na produção agrícola, a proporção de engenheiros agrônomos é o dobro da nacional, o que em números absolutos o faz o segundo maior mercado de trabalho de agronomia do país.

Logo a seguir vem a engenharia industrial, que tanto local quando nacionalmente tem sido a modalidade de engenharia com maior crescimento anual, empregando 17% dos engenheiros paranaenses. As modalidade tradicionais de engenharia elétrica e engenharia mecânica, completam a lista sendo responsáveis por 13% e 11% do emprego formal no estado, respectivamente. Estas cinco modalidades juntas somam 93% do emprego de engenharia no Paraná.

Mulheres na engenharia – Analisando-se a questão de gênero, constata-se que, seguindo a tendência nacional dos últimos anos, o emprego feminino em solo paranaense cresceu mais que o masculino, 7% contra 3,8% em 2012. Ainda assim, as mulheres representam apenas 17% do mercado de trabalho formal de engenharia do estado e seu salário real médio é 18% inferior ao dos homens.

Quando se analisa a segmentação por faixa etária, quase 61% dos engenheiros do estado têm até 40 anos de idade, e quanto mais jovem é o engenheiro, maior a participação feminina. Comparando com a média do mercado de trabalho estadual, os engenheiros assalariados do Paraná seus vínculos empregatícios mais estáveis e mais bem remunerados, pois 52% deles têm mais de três anos de carreira numa mesma empresa e 49% ganham mais de 10 salários mínimos.

Indústria e serviços – O emprego setorial de engenharia no Paraná mostra que, em 2012, a indústria de transformação continua sendo a maior empregadora (31% do total), seguida do setor de serviços (21%) e da administração pública (15%). Construção Civil, comércio e serviços industriais de utilidade pública empregam em torno de 10% dos engenheiros do estado cada um.

Na geração de empregos em 2012, o setor de serviços foi o que mais criou postos de trabalho, 393, principalmente na área de serviços de engenharia e consultorias, a indústria de transformação e a construção civil criaram 180 e 133 empregos, respectivamente.

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