Salários atrasados, contratos perdidos e falta de apoio do estado virou rotina na vida dos funcionários da Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná (Codapar). Ligada à Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a estatal é responsável pelo recebimento, classificação, fiscalização e escoamento de safras de grãos para o mercado, além de armazenamento de merenda escolar.
“É um descaso sem tamanho com os todos os trabalhadores da Codapar. Mês a mês os mais de 350 funcionários da empresa pública trabalham sem saber se receberão em dia os seus salários. É um direito básico de todo trabalhador. É um descaso do governo com a empresa e com seus funcionários, que prestam um importante serviço de fiscalização portuária, de engenharia e melhoria de estradas rurais, de logística da merenda e várias outras ações fundamentais para a população”, critica o presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), Carlos Roberto Bittencourt.
O atraso de salários parece ser recorrente na Codapar. Os vencimentos de fevereiro, que deveriam ter sido pagos no início de março, ainda não foram pagos completamente. A empresa conseguiu saldar apenas 45% dos vencimentos.
O restante, não tem previsão de quitação, é o que afirmou a empresa em mesa redonda na Superintendência do Trabalho com o Senge-PR e Sindaspp na última terça-feira (13). A promessa de quitação não é de agora. Em audiência anterior, no último dia sete de março, a Codapar tinha prometido pagar todos os salários até o dia 10 de março.
Os atrasos, no entanto, já são de há tempos. Em dezembro de 2015, os funcionários da estatal entraram em greve por falta de pagamento do 13.º salário e do salário de dezembro. Após manifestação do Senge na imprensa e da mobilização dos trabalhadores a empresa fez os pagamentos.
Mas de tempos em tempos os atrasos retomam, como em janeiro deste ano, em que os sindicatos tiveram que recorrer novamente à Superintendência do Trabalho para cobrar o pagamento dos salários.
Senge estuda ação na justiça – Buscando uma solução para evitar maior prejuízo para os engenheiros da Codapar, a assessoria jurídica do Senge estuda uma ação judicial que busca cobrança de multa e responsabilização da empresa pelos atrasos. A medida, se ingressada, cobrará na justiça diferenças salariais e indenização caso a empresa futuramente atrase mais pagamentos.
Dificuldade em pagar salários mesmo vendendo patrimônio – a falta de apoio do estado pode afetar ainda mais a estatal e o futuro dos mais de 350 funcionários. Isso porque a empresa está praticamente vendendo patrimônio para se manter.
Como publicado no Diário Oficial do último dia 8 de março, o governador autorizou a estatal vendesse por pouco mais de R$ 5 milhões um imóvel na Rua Presidente Carlos Cavalcanti nº 747 para a Junta Comercial do Paraná (Jucepar).
O valor pode dar uma folga para a Codapar. Porém, apesar da autorização e da publicação no Diário, o trâmite ainda não foi aprovado pelo departamento jurídico da Jucepar. O receio dos sindicatos e dos trabalhadores é que tal medida se torne recorrente e que a empresa se desfaça cada vez mais de seus patrimônios.