Na segunda-feira, 25 de janeiro, o governo do Estado, em mais um passo na direção do desmonte da Copel, anunciou que a sede da empresa será leiloada.
Localizada no Batel, um dos bairros mais nobres de Curitiba, a sede da Companhia consiste em um prédio de 11 andares, com 8,7 mil metros quadrados, que atualmente é ocupado por 460 funcionários, incluindo a presidência e a diretoria da empresa.
O edital de alienação foi publicado no Diário Oficial do Estado, com valor mínimo de R$ 32,5 milhões. Segundo o Índice FipeZap de Venda e Locação Comercial, desenvolvido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com o Grupo Zap, o valor está defasado das pesquisas e séries históricas. Em dezembro de 2020, o valor de referência em metros quadrados foi de R$7.074,00, praticamente o dobro do valor indicado como base no edital, de R$ 3.710,00/m2. Ainda segundo o índice FipeZap, os valores médios de venda e locação de imóveis comerciais sofreram queda em 2020.
Km3
Segundo a Copel, os trabalhadores do prédio no Batel devem ser realocados para o Km3. A expectativa da empresa é que a mudança promova uma economia de R$ 5,2 milhões ao ano. Porém, além de não demonstrar de onde viria essa economia, uma quantia desconhecida de recursos já foi gasta para as adequações necessárias à mudança da presidência e da diretoria da empresa para o Km3.
Local de trabalho de mais de 1.500 funcionários, o Km3 sofre com problemas antigos de infraestrutura, como superlotação, falta de rotas de fuga em caso de emergências, ar-condicionado insuficiente e poucos banheiros, para citar alguns. Consistindo em uma pequena cidade administrada pela Copel no início da rodovia que liga Curitiba a Campo Largo, o Km3 também experimenta congestionamentos diários nos horários de pico.
Em nota anunciando o leilão, o atual presidente da companhia, Daniel Slaviero, afirma que “com a mudança, teremos um ambiente de trabalho moderno, comparado aos das melhores empresas, que favorecerá o trabalho colaborativo e a inovação”, porém, sem a solução para estes problemas, os trabalhadores devem enfrentar condições opostas no término da pandemia.
Um comunicado interno da Copel divulgou a mudança para os funcionários como parte de um plano da Companhia para o futuro. Mas este plano permanece um mistério para os trabalhadores, que são mantidos no escuro com relação às implicações práticas destas alterações.
Desmonte da Estatal
Para o Senge-PR, a venda da sede no Batel é mais um passo no desmonte da Companhia, que já vendeu a Copel Telecom no ano passado. O imóvel não é o único a ser leiloado: um segundo edital coloca à venda outros quatro imóveis no Interior do Paraná. Empregados também comentam que outros imóveis em Curitiba seriam vendidos, a exemplo do Polo Padre Agostinho, localizado em bairro nobre e onde fica instalado o COGT – Centro de Operações de Geração e Transmissão.
No meio da crise econômica ocasionada pela pandemia, não faz sentido estratégico vender propriedades que são úteis para a Copel, a um preço abaixo do mercado e proporcionando uma economia tão pequena. Os R$ 5,2 milhões de economia não têm peso significativo para a Copel, que lucrou R$ 1,4 bilhão em 2019 e R$ 2,7 bilhões de janeiro a setembro de 2020.
A quem serve este sucateamento da infraestrutura patrimonial do Estado? Qual o real interesse de vender imóveis em áreas consideradas nobres? Quem seriam os grupos econômicos interessados nestes imóveis?