Foto: Maurilio Cheli / SMCS
Curitiba já ocupa o topo da lista das tarifas mais caras do transporte público entre as capitais brasileiras. Na última sexta-feira (15), o prefeito Rafael Greca decretou o tarifa técnica de R$ 4,71 para R$ 4,79, com efeitos retroativos desde o dia 1º de janeiro de 2019. O acréscimo de 8 centavos na tarifa técnica tem sido avaliado com o prenúncio de um novo reajuste aos usuários.
A tarifa técnica é aquela paga pela URBS às empresas de ônibus que operam o sistema da capital. Quer dizer, a cada passagem paga pelos usuários, R$ 4,25, a URBS paga R$ 4,79 para as empresas. Sendo assim, a Prefeitura arca com um déficit de R$ 0,54 em cada passagem paga na catraca. Isto gera um rombo para a Prefeitura que pressiona a tarifa paga pelo usuário para acima de R$ 4,80 sem subsídio.
Nesta terça-feira (19), representantes do Movimento de Luta pelo Transporte Coletivo participaram de uma reunião com o presidente da URBS, Ogeny Pedro Maia Neto, para cobrar maior transparência e participação no que diz respeito à composição da tarifa técnica.
Estiveram presentes na reunião Luiz Calhau, Engenheiro Civil e diretor do Senge-PR, Lafaiete Neves, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e integrante da Associação dos Professores da UFPR (Apuf-PR), e Tobias Sanson, integrante do mandato da vereadora Professora Josete (PT).
“Nos disseram que o aumento da tarifa técnica contemplou somente a retirada do subsídio do ICMS, portanto, não está incluso reajuste salarial dos trabalhadores do sistema, nem o reajuste da renovação da frota. Isso significa que podemos esperar, nos próximos dias ou semanas, um reajuste ainda maior”, lamentou Luiz Calhau.
A reunião também demonstrou que a URBS não sabe quanto será a tarifa do usuário, definição que dependeria da conversa com o governador Ratinho Junior. “Eles estão dependendo do subsídio do governo do estado para bater o martelo em uma tarifa. Mas isso mostra que, uma semana antes da data base dos trabalhadores do transporte público, a URBS não tem noção de quanto vai ser essa tarifa. Prova que a tarifa é uma questão política, e não uma questão puramente técnica”, avalia o diretor do Senge.
Durante a reunião, os representante do movimento também cobraram a retomada do Conselho Municipal do Transporte, desativado desde 2016, sem qualquer justificativa. O principal papel do Conselho é viabilizar maior transparência aos dados e decisões relacionadas os sistema de transporte público da capital. A URBS se comprometeu em reativar, no entanto, sem indicar prazo.
Mobilização
Fevereiro tem sido o mês em que, a cada ano, movimentos e organizações populares organizam manifestações contra o aumento da tarifa do transporte coletivo. A decisão recente tomada pela prefeitura de aumentar a tarifa técnica já acendeu o alerta e gerou reações da sociedade.
No dia 26 de fevereiro, próxima terça-feira, está marcado um ato contra o reajuste. A ação será a partir das 17h30, na Praça Rui Barbosa, centro de Curitiba. Também há esforço do movimento para realizar audiência pública na Câmara Municipal e audiência com o prefeito Greca.
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Sistema de transporte no banco dos réus
Em junho de 2018, o Ministério Público do Paraná denunciou 14 pessoas por envolvimento em fraudes na licitação do transporte público de Curitiba. No mês seguinte, dia 10 de junho, a Justiça acolheu a denúncia, ou seja, estas pessoas responderão pelos crimes de organização criminosa, fraude em licitação e falsidade ideológica. Entre elas estão Fernando Eugênio Ghignone, atual secretário de Estado da Administração e da Previdência (Seap) e ex-diretor de transporte da Urbs, e seis integrantes da família Gulin, que controla cerca de 70% do sistema de transporte de Curitiba.
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