‘A culpa é das árvores (que sempre estiveram lá)’, falou o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas. “Enterrar a fiação é muito caro’, diz a Enel, empresa privada que controla o fornecimento de energia na capital paulista e faturou R$ 1,4 bilhão em 2022. O que não se conta, nessa história, é que a empresa reduziu seu quadro de funcionários em 35% desde que assumiu em 2018. Também não conta que a obrigação da poda de árvores é sua e que ela escolheu um modelo com menos custos.
A maior distribuidora de energia elétrica do Brasil em volume de energia vendida conta com 4.044 colaboradores próprios para atender 7,7 milhões de pessoas. No total, são 15,3 mil empregados (incluindo terceiros) contra 23,8 mil, em 2019. A quantidade menor de profissionais aumenta o serviço de, por exemplo, poda de árvores, como admite a empresa em seu relatório financeiro.
“Os investimentos em tecnologia de rede focados em automação, como o aumento de religadores telecomandados e automatizados para o restabelecimento de energia, intensificação das ações de manutenção da rede e podas de árvore”.
Por outro lado, o apagão era previsível e reflexo da política de minimizar custos, na avaliação do Sindicato dos Eletricitários de SP. “O modelo atual do setor de distribuição de energia elétrica garante melhor remuneração à empresa por investimentos que ela fizer em novos ativos em contraposição aos investimentos em manutenção preventiva. Assim, ao invés de gastar com material de manutenção e podas de árvores em locais que costumam ter falhas, empresas preferem instalar religadores automáticos”, diz a entidade.