O governador do Paraná Ratinho Júnior deu entrevista ao Portal da Gazeta do Povo sobre os seus 100 primeiros dias de mandato. Na conversa, ele fala sobre o aumento da tarifa da Sanepar, da privatização da Copel e do reajuste dos servidores estaduais.
Perguntado sobre o corte de gastos com a reforma administrativa, Ratinho Júnior não conseguiu detalhar onde será economizado R$ 10 milhões. Ele admitiu que é apenas uma projeção. Com relação a Copel, o governador disse que a redução ocorre com a redução de aluguéis. Ele também admitiu que um dos focos de sua gestão é privatizar a Copel Telecom.
“Pensamos em privatizar a Copel Telecom e a Compagas. Queremos caminhar muito para Parcerias Público-Privadas (PPPs). Na área administrativa, tem coisa que se pode avançar. Sobre as estatais, não há justificativa para o estado ter duas companhias como a Copel Telecom e a Compagas, que atendem só ao setor privado”, argumentou.
A Copel Telecom foi a operadora de banda larga mais bem avaliada na opinião dos clientes na pesquisa de Satisfação e Qualidade Percebida de 2018 promovida pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) . A operação com a satisfação geral é a da Copel, no Paraná (8,35) e a com menor nota é a da Oi no Rio de Janeiro (5,41). Já a Copel, em seu balanço financeiro divulgado ao mercado na noite de 28 de março, a companhia apresentou lucro líquido de R$ 1,444 bilhão, 29% a mais que em 2017. A geração de caixa da companhia em 2018 foi de R$ 3 bilhões.
Mesmo assim, Ratinho Júnior considera estratégico privatizar a empresa. “A Copel Telecom não tem como disputar com as maiores do mundo, que estão todo dia colocando dinheiro em uma velocidade muito maior. Não é necessidade básica da população. A Copel Energia é necessidade básica, tem um desenvolvimento social envolvido. A Copel Telecom, não”.
Aumento de tarifa da Sanepar
O governador Ratinho Júnior deixou no ar a possibilidade de realizar reajustes na tarifa da Sanepar. O presidente da empresa, Claudio Stabile, tem dito que deve solicitar a Agepar antecipação do reajuste de 25,63% previstos até 2015. Segundo o governador, o reajuste seria fundamental para que a companhia possa fazer investimentos. “Hoje a Sanepar e a Copel são empresas de capital aberto, estão em bolsa de valores. Eu obviamente tenho que cobrar os investimentos. Gá um histórico muito ruim de fazer demagogia com tarifa. Obviamente, se houvesse uma tarifa abusiva sem investimento da Sanepar, eu cobraria um posicionamento da empresa”, declarou à Gazeta do Povo.
Reajuste servidores estaduais
Com relação ao reajuste dos servidores estaduais, o governador repete o mesmo discurso do governo Beto Richa (PSDB) que congelou reajustes em 2015. Segundo Ratinho, devido a crise financeira, ele pode dar o reajuste nesse ano e não ter dinheiro para a folha em 2020. “Prefiro que a gente faça um trabalho para poder pagar ao menos uma parte do 13º em junho, para dar a garantia de que vai ter o salário em dia e poder ir avançando em outras áreas, do que chegar e dar um reajuste para o servidor, dar uma de bonzinho e colocar as contas do Paraná em risco”.
O governador sinaliza para o congelamento e negociar reajuste só em 2020 em índice de 3,5%. “(Quero” pedir para que os servidores compreendam essa necessidade, o nosso esforço para que tudo esteja em dia, inclusive o salário deles, para que no ano que vem a gente não tenha nenhum susto”, concluiu.
Contudo, neste mês, Ratinho Júnior declarou ao mercado financeiro que as contas do estado estão equilibradas. “O Paraná vive um novo momento e tem um cenário muito promissor pela frente. O Paraná é um dos estados com melhor saúde financeira do País”, declarou em encontro com o ministro da economia Paulo Guedes.
____
Por Manoel Ramires