Em 1994, a Itaipu Binacional, em ato unilateral resolveu alterar as regras de aplicação do Adicional de Periculosidade na remuneração seus empregados. Embora cobertos por leis, muitos colegas tiveram forte impacto em suas vidas pela “canetada” da empresa. Iniciaram-se as discussões, e na ocasião, a mesa de negociações – ressalte-se, do lado de lá, estava vazia de propósitos. Em 1999 o conflito foi levado à esfera dos tribunais de justiça.
E lá se foram longos vinte e seis anos, durante os quais o SENGE esteve presente e atuante. Em todo esse período, no mérito, fomos vitoriosos. Mas, a Itaipu lançando mão dos artifícios cabíveis, perdeu a disputa em todas as instâncias, mas não perdeu seu modo inflexível para conter a execução do processo. Temos três acórdãos transitado em julgado. Vários escritórios de advocacia, e um pequeno batalhão de advogados, entenda-se, exercendo suas profissões, e muitíssimo bem remunerados por Itaipu, conseguiram criar para as/os Engenheiras/os a situação de “ganhamos, mas não levamos”.
Pois bem, restava dedicar empenho na busca da opção do acordo negociado, para darmos cabo ao longo impasse. Em 2017 iniciamos nossas tratativas com Itaipu com objetivo de estabelecermos uma mesa de negociações. Em AGE da Regional Foz nomeou-se a Comissão 658-A (número do processo), com a incumbência de estudar caminhos de aproximação e de uma eventual negociação com Itaipu. Ao final de 2018, chegou-se a ter diante da comissão do Sindicato, uma comissão falando em nome da empresa. Mas, essa tentativa logo se desvaneceu. Sem nunca esmorecer, continuou a incessante busca pelo diálogo. Curioso é que Itaipu pronunciava aos quatro cantos que estavam abertos ao diálogo, mas, como fruto de simples retórica, não se dispunham efetivamente a dialogar.
Somente ao final de 2019 foi superado o obstáculo de inflexibilidade da empresa. Em fevereiro deste ano ocorreu a primeira reunião, dando início aos trabalhos de construção da solução amigável. Já houveram várias outras reuniões, que vão dando corpo à reparação do erro histórico de Itaipu. E, assim, o SENGE mais uma vez cumpre com primazia as funções Sindicais, levando à categoria uma opção de saída negociada, já que pelos tribunais, há uma percepção de que a disputa em curso pode não ter fim.
Esse trabalho árduo tem sido amparado por forte mobilização dos envolvidos na ação judicial. Hoje, a maioria dos representados, ou substituídos, como queiram, estão na condição de aposentados. Nos dias 14, 15 e 16 de abril, houve o retorno de todo empenho e dedicação da Regional Foz do Iguaçu, na condução desse sensível momento. Reconhecendo os esforços do SENGE em defesa da categoria, observou-se a maior participação histórica dos colegas vinculados à Fibra, leia-se, aposentados de Itaipu.
A expressiva votação desse grupo de colegas no último pleito leva o candidato Gilson Garcia, reeleito na função de Diretor Geral da Regional Foz do Iguaçu, a definir assim a situação: “A nossa luta sindical é permanente e abrange toda a categoria; no fenômeno observado aqui, fomos rejuvenescidos justamente pelos mais idosos; unimos gerações, para fortalecer a representatividade do Sindicato; gratidão aos colegas que reconhecem nossa dedicação, nosso sacerdócio; orgulho de ser SENGE”.