A terceira rodada de negociações da Copel com os sindicatos começou no dia 24 de outubro. Essa etapa é prevista para dois dias. Nela, a empresa ofereceu sua proposta de remuneração financeira, abrindo espaço para que as entidades possam avaliá-la em assembleias. Um ponto polêmico é a mudança no formato de pagamento do PLR. A proposta cria faixas de pagamentos, prejudicando os menores salários. Com relação à garantia da data-base, ela foi dada até o fim do mês apenas.
Metas e mudança no pagamento do PLR
A reunião debateu o PLR 2023/2024. Esses indicadores servem como parâmetro para pagar em 2024. São oito indicadores que medem as metas da empresa e dos funcionários. A Copel quer a manutenção dos critérios para o pagamento do Programa de Lucros e Resultados, mas com uma grande alteração. A empresa propôs que o pagamento do PLR seja de forma não linear, ficando 100% proporcional aos rendimentos de cada profissional.
A Copel ainda quer que a aprovação aconteça por todos os sindicatos e quer que o tema seja tratado junto da data-base. A expectativa é que os valores sejam definidos até dezembro de 2022, executados e acompanhados durante 2023 para serem pagos em 2024.
Impacto nos cálculos
Com a proposta, se “pega o valor total e divide pelo número de trabalhadores, independente do salário. A proposta inicial da empresa é ser 100% proporcional ao salário dos trabalhadores. Com a medida, os menores salários irão receber menos e os maiores salários irão ganhar mais”, esclarece o economista Sandro Silva, do DIEESE.
Simulação
Em uma simulação, caso o montante para pagar o PLR seja R$ 100 milhões, a PLR equivaleria a R$ 17 mil por copeliano. A maior faixa de pessoas recebendo seria na faixa salarial de R$ 4,5 mil a R$ 6 mil. 1304 funcionários entram nesta faixa. Já as faixas de R$ 10 mil a R$ 12,5 mil são 491 funcionários e acima de R$ 12,5 mil são 656 funcionários.
Na simulação contemplando parte da PLR variável, quem está na faixa menor caíria a remuneração. Já quem ganha mais de R$ 10 mil veria seu PLR aumentar substancialmente. Os sindicatos, após fazer os cálculos, adiaram posição sobre uma remuneração que incluísse a aceitação de parte do PLR Variável.
Faixas de renda dos 5883 funcionários da Copel
Até R$ 3 mil – 435 funcionários
R$ 3 mil a R$ 4,5 mil – 1004 funcionários
R$ 4,5 mil a R$ 6 mil – 1304 funcionários
R$ 6 mil a R$ 7,5 mil – 827 funcionários
R$ 7,5 mil a R$ 10 mil – 1196 funcionários
R$ 10 mil a R$ 12,5 mil – 491 funcionários
R$ 12,5 mil a mais – 656 funcionários
Lucro tem aumentado
O lucro líquido da Copel em 2021 chegou a quase R$ 1,8 bilhão. A empresa tem tido sucessivos aumentos da receita. Em 2018, a Receita Operacional Líquida chegou a R$ 14,9 bilhões. Em 2021 saltou para R$ 23,9 bilhões. Já o EBITDA saltou de R$ 3,1 bilhões em 2018 para R$ 8,4 bilhões em 2021. Esses valores são fundamentais para análise do reajuste dos copelianos.
Outro fator de análise é a redução do quadro de funcionários, fazendo com que tenha menos gente para receber o valor proposto. O número de empregados (incluindo controladas) reduziu de 8.432 em 2017 para 6.538 em 2021.
Por outro lado, a Copel veio para a mesa de negociação alegando que a empresa deve restituir os consumidores relativo a processos tarifários cobrados indevidamente, o que gerou créditos. O impacto nas receitas fez com que o lucro até julho de 2022 seja de apenas R$ 147 milhões.
Os sindicatos, por sua vez, disseram que a empresa tem tido lucros extraordinários nos últimos anos e os copelianos estão há 7 anos sem ganho real. Esse fator não pode ser desconsiderado pela empresa neste momento. “A data-base tem que considerar o lucro para trás”, comenta-se.
Home Office
A Copel propõe a manutenção do modelo atual. A empresa quer que o tema seja incluído neste Acordo Coletivo de Trabalho. Na pauta do coletivo, essa é a cláusula 47a. As entidades questionam – principalmente – a utilização de infraestrutura própria e uma ajuda de custo. Também solicitam ajustes ao modelo. Pontos negados pela Copel.
A Copel não quer alteração nesse formato. Dos 5513 funcionários, 2180 (39%) estão dentro do regime. A quantidade poderia chegar a 57% do efetivo de funcionários.
Banco de Horas
Uma das pautas importantes da categoria é a manutenção do banco de horas. O pedido aborda que ”todas as horas realizadas (extraordinárias ou dobradas) irão automaticamente para o Banco de Horas, até atingir o limite de 40 horas, sendo as excedentes pagas no mês subsequente à realização”. A empresa, por sua vez, quer a manutenção da regra de 60 horas positiva ou negativa e um item de proporcionalidade. A intenção é de que o modelo se aplique para acordo com todos os sindicatos.