Um marco na história dos paranaenses. Há 19 anos, a Assembleia Legislativa do Paraná era ocupada contra a iniciativa de privatização da Copel, empresa de energia do estado. Decisão acertada da população e do Movimento “A Copel é Nossa”. Hoje, a empresa é a maior do Paraná, superando empresas privadas, e sendo responsável pela maior parte de arrecadação de impostos no estado como ICMS. No entanto, mesmo duas décadas depois, os paranaenses devem se preocupar. Está na ordem do dia a decisão da Copel, cujo maior acionista é o Governo do Estado, privatizar a sua empresa de banda larga. A Copel Telecom, que está presente com rede de fibra nos 399 municípios do estado, é considerada a melhor empresa no setor.
Assim como há 19 anos, os argumentos se repetem: burocracia, dificuldade em competir com as empresas privadas, legislação e etc. E, dessa forma, uma empresa estruturada e lucrativa deve ser entregue a interesses particulares não tão transparentes. A ponto de no dia 19 de agosto ser realizada uma “audiência pública fechada e com participação restritiva”. De acordo com o aviso ao mercado financeiro feito pela Copel, o evento será virtual e a interação só poderá ser feita com perguntas enviadas previamente por e-mail.
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Dessa forma, as lições do passado podem ter sido esquecidas para muitos quase duas décadas depois. Não para o engenheiro eletricista Sérgio Inácio Gomes, atualmente diretor do Senge-PR, e que participou da campanha contra a privatização há 19 anos. Ele prepara um livro para resgatar essa luta do povo paranaense e brasileiro contra a sanha privatista que retornou com força no governo Ratinho Junior (PSD) e Jair Bolsonaro (sem partido).
“Vejo o momento atual com um pouco de saudosismo. Relembrar gloriosas lutas passadas, que uniram o povo paranaense em torno de uma causa em comum: a defesa da Copel como propriedade de todos. É importante resgatar muitas informações daquele processo de mobilização popular”, retoma.
Segundo a futura obra de Sérgio Inácio Gomes, foi com base no diálogo que se constituiu uma ampla rede de forças populares e econômicas contrárias à privatização da COPEL e que conseguiu unir políticos e seus partidos de campos absolutamente antagônicos. “Talvez esse tenha sido o maior aprendizado daquele processo de mobilização popular em nossa história. Após a chamada “batalha da Copel”, 93% do povo do Paraná rejeitava a privatização da empresa”, orienta.
Perto de duas décadas depois, o Coletivo Em Defesa da COPEL Telecom, lançado no ano passado quando o Governo do Estado anunciou o processo de “desinvestimento” da Copel Telecom e da Compagas, tenta manter sob domínio do povo paranaense a empresa que daqui 20 anos poderá ser ela a maior do estado e concorrer em licitações mundo afora. O passado ensina.