O Paraná não vai atingir a meta de vacinação até maio de 2021, de acordo com o Plano Estadual de Imunização. Muito menos o planejado para todo ano se for mantido o ritmo atual. O fracasso foi admitido pela Secretaria Estadual de Saúde a representantes do Ministério Público do Trabalho do Paraná e Centrais Sindicais. O estado tinha como objetivo vacinar o total de 4 milhões de pessoas, o que representa 8 milhões de doses. Mas a derrocada do contrato com a Sputinik V e a demora do envio das doses do Governo Federal travaram o plano.
A meta inicial do estado é imunizar 4 milhões de pessoas do grupo prioritário. Após isso, o estado calcula que a população acima de 18 anos de idade ainda não vacinada perfaz um total de 8.736.014 pessoas. Contudo, até aqui, o Governo de Ratinho Junior (PSD) só conseguiu vacinar 479 mil pessoas. Curitiba, que enfrenta colapso do sistema de saúde e adotou a bandeira vermelha, está ainda imunizando pessoas acima de 77 anos, o que configura a ‘prioridade 5′ num total de ’21 prioridades’ listadas no plano de imunização.
O fracasso foi reconhecido pelo doutor Cesar Neves, que é chefe de gabinete do secretário de saúde, Beto Preto, em reunião com o Fórum em Defesa da Liberdade Sindical do Estado do Paraná. A entidade cobra a formação de um comitê tripartite de combate à pandemia. Segundo o doutor, a dificuldade de se atingir a meta está na falta de vacinas, não na capacidade de aplicação.
“O Governo Federal não manda as vacinas que prometeu. Não recebemos nenhuma vacina produzida no Brasil. Não vamos vacinar 4 milhões de pessoas no Paraná até maio. Quero acreditar que vamos mudar isso”, roga o chefe de gabinete.
Além de não vacinar os grupos prioritários, o Paraná está expondo trabalhadores à contaminação, na avaliação do presidente do Senge-PR, Leandro Grassmann. Para ele, sem vacinas, o governo deveria rever a listagem de serviços considerados essenciais.
“Existem dezenas de milhares de trabalhadores na Copel, Sanepar e Compagas que estão sendo obrigados a trabalhar em muitas manutenções que poderiam ser postergadas. 9,5% dos empregados já tiveram Covid. E são trabalhadores preteridos na vacinação. Que essencial é esse que não tem direito a ser vacinado prioritariamente?”, alerta Grassmann.
Podia ter mais vacina
A realidade no Paraná poderia ser diferente se o Governo do Paraná não tivesse alinhamento ideológico ao Governo Federal de Jair Bolsonaro. O estado perdeu a possibilidade de produzir a Sputinik V por conta desta aliança. Ratinho Junior levou um chapéu do Consórcio do Nordeste com a ajuda do ex-presidente Lula.
Além disso, o estado cedeu a pressão do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, para não produzir a vacina russa, conforme queria o governo Bolsonaro, segundo revelou o deputado estadual Tadeu Veneri (PT). Na Alep, Veneri disse que o Paraná tomou um chapéu do deputado federal paranaense Ricardo Barros (PP), lobista da União Química e líder do Governo no Congresso Nacional, levando a produção para outro estado.
O petista cobrou Ratinho Junior. “Do nada, o governo desistiu do convênio e, coincidência ou não, a União Química anunciou que era representante da vacina russa no Brasil. “As pessoas estão morrendo, governador. Não podemos permitir que isto continue”, cobrou.