Nova coordenação do Coletivo de Estudantes da Fisenge é eleita

Constituída por cinco integrantes, a coordenação tem mandato de um ano

Comunicação
29.SET.2020

No último sábado (26), foi eleita a nova coordenação do Coletivo de Estudantes da Fisenge (Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros). Constituída por cinco integrantes, a coordenação tem mandato de um ano e será composta por Carla Ferreira Viana do Senge-MG (coordenadora); Tayná Rafaela do Senge-PR (coordenadora-adjunta); Leonardo Angelo do SEA-RN (documentação); Adelson Costa do Senge-SE (secretaria); e Cássio Vitor do Senge-PE (comunicação). De acordo com a nova coordenadora, nesta gestão haverá um trabalho intenso para reativar os núcleos dos sindicatos jovens/estudantes em todo o país. “Queremos mostrar ao graduando o papel do sindicato e também disseminar o trabalho do Coletivo nas universidades com ações sociais, palestras e seminários”, afirmou Carla, que é graduada em engenharia civil e pós-graduanda em engenharia de qualidade.

A eleição foi realizada no final do Encontro Nacional de Estudantes de Engenharia que teve mais de 30 participantes de diferentes regiões do Brasil. A parte da manhã contou com duas palestras. A primeira delas, “A Consenge e o ‘novo sindicalismo’ dos engenheiros: rupturas e permanências”, foi ministrada pelo engenheiro e presidente da Fisenge, Roberto Freire; e a segunda, “A importância da militância jovem”, contou com apresentação do engenheiro, vice-presidente do Senge-PR e diretor da Fisenge, Cícero Martins.

Freire retratou sua trajetória desde o movimento estudantil, ditadura civil-militar até o movimento sindical. Em uma contextualização histórica, o engenheiro falou sobre a organização da sociedade brasileira, citando, inclusive, o economista Marcio Pochmann: “o mundo é outro. Não existe mais um Brasil industrial, mas sim de serviços”. De acordo com Freire, o Brasil foi governado por militares, fazendeiros, médicos, empresários, marechais, generais, almirantes, advogados, promotores, médicos e apenas um engenheiro e um sociólogo. “Um presidente engenheiro não quer dizer que seria melhor, mas é um indicativo de que a nossa participação é muito importante, para que a nossa voz seja ouvida. Só conseguiremos conquistar os nossos direitos se participarmos efetivamente”, relatou.

Parte integrante da fundação da Fisenge, Freire contou sobre os tempos do chamado “novo sindicalismo” e como esse fato histórico incentivou a fundação da Coordenação Nacional de Sindicatos de Engenheiros (Consenge), em um processo de ruptura com a Federação Nacional de Engenheiros (FNE). “Naquele momento, nos aproximamos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e alinhamos a nossa organização em práticas combativas, compreendendo que os engenheiros e as engenheiras são trabalhadores. A gente só consegue as conquistas com luta, participação efetiva, desprendimento e liderança. Vocês, estudantes e jovens, podem ser essas novas lideranças. Não se trata de reinvenção, mas sim de ter tranquilidade e serenidade para fazer o que é possível, assim como foi com a nossa Federação. Criamos uma articulação, uma coordenação e depois a Fisenge, em um processo de readaptação às transformações do mundo do trabalho, mantendo o nosso objetivo de transformação social com inclusão, igualdade, solidariedade e fraternidade”, concluiu Freire.

Em seguida, Cícero iniciou sua fala propondo uma reflexão sobre quem somos, onde estamos e o que precisamos fazer, com o objetivo de definir – no jargão das equações diferenciais, as “condições iniciais e de contorno” para a análise dos problemas que enfrentamos. “Temos como desafios a necessidade de reorganizar os sindicatos jovem/estudante nos estados, ampliando as atividades de formação política, incluindo na pauta a luta por mais e melhores empregos para jovens engenheiros. Além disso, precisamos aprofundar a nossa formulação a respeito das tendências do mercado de engenharia com a Indústria 4.0 e aprimorar os debates e as ações voltadas para formandos e recém-formados, de modo que possamos consolidar um percentual maior de sócios-aspirantes filiados aos sindicatos após a conclusão de curso”, disse.

Em relação à conjuntura, Cícero acredita que estamos na maior crise do capitalismo desde sua existência. “Desde 2008 com a crise do capital financeiro nos EUA, vemos um processo de destruição de empresas e empregos ao redor do mundo que, a partir de 2014, chega com força no Brasil, que está na periferia do capitalismo global. Hoje, estamos em um processo de ascensão de governos autoritários de extrema-direita com políticas de destruição dos direitos da classe trabalhadora”, pontuou. O engenheiro ainda destacou que há no mundo a tendência de uma nova divisão internacional do trabalho que pode achatar ainda mais as condições de vida das pessoas, principalmente nos países que estão na periferia do capitalismo. “O papel terciário que o Estado Brasileiro tem assumido nos deixa fora do processo de produção de tecnologia de ponta, nos alienando da busca de desenvolvimento e soberania nacional. Este cenário de subserviência tecnológica coloca empregos e empresas nacionais em risco”, ressaltou Cícero.

À tarde, o encontro contou com uma palestra sobre “Juventude, trabalho e Movimento sindical”, com o professor Euzébio Jorge, presidente do Centro de Estudos e Memória da Juventude (CEMJ). Euzébio trouxe dados sobre juventude, sindicalização no Brasil e as mudanças no mundo do trabalho, como a GIG Economy, que é a uberização do trabalho. “Hoje, no mundo, existem alternativas como o cooperativismo, que não podem ser associadas à GIG Economy, que traz uma série de questões como a sonegação de impostos e um processo intenso de precarização do trabalho. Cada vez mais, o local de trabalho se torna a cidade com a descentralização do processo de produção na casa das pessoas”, explicou.

A engenheira e vice-presidente da Fisenge, Elaine Santana, ressaltou que já existem aplicativos de engenharia oferecendo serviços a preços irrisórios. “Nesses aplicativos percebemos que há uma maioria de engenheiros recém-formados cujos direitos são desrespeitados. Não há qualquer tipo de regulação trabalhista nessas plataformas que ganham muito dinheiro e não repassam devidamente aos profissionais”, disse. Elaine ainda questionou o papel da mídia em relação à deslegitimação da imagem do sindicalismo. “Os meios de comunicação investiram em uma intensa campanha que distanciou a sociedade dos sindicatos. Precisamos reverter esse processo e mostrar que só a organização coletiva garante os direitos”, concluiu Elaine, que também é coordenadora do Coletivo de Estudantes da Fisenge.

Para participar do Coletivo de Estudantes da Fisenge, envie um e-mail para estudantes@fisenge.org.br.

Fonte: Fisenge

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