Duas denúncias contra a Copel, feitas pelo deputado estadual Soldado Fruet (PROS) há cerca de sete meses, agora estão na mira do Ministério Público do Paraná. Após representação movida pelo Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná (Senge-PR), o órgão abriu investigação para apurar supostas irregularidades na privatização da Copel Telecom, relativas ao uso dos recursos da venda para pagamento de dividendos bilionários, e na nomeação de um diretor da Copel Geração e Transmissão S.A., suspeito de conflito de interesses. “Um dia feliz para quem trabalha pelo respeito ao dinheiro público, como é o meu caso”, reagiu o deputado, na plenária desta segunda-feira (11).
COPEL TELECOM – Na sessão do dia 23 de agosto do ano passado, o Soldado Fruet questionou a destinação do dinheiro da venda da Copel Telecom. Segundo ele, diferente do que o governador afirmou na época da privatização, que os recursos seriam investidos no crescimento da companhia, com foco na geração e transmissão de energia elétrica, o Conselho de Administração da Copel aprovou o repasse de R$ 1,275 bilhão em dividendos aos acionistas com dinheiro da venda da subsidiária de telecomunicações, fato registrado em ata. A Bordeaux Participações comprou a Telecom por R$ 2,5 bilhões. O deputado alertou diversas vezes que a venda era desnecessária e que o dinheiro iria para os bolsos dos grandes investidores, o que se confirmou.
CONFLITO DE INTERESSES – No dia 13 de setembro de 2021, o Soldado Fruet ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa para questionar o possível conflito de interesses do novo diretor de Operação e Manutenção da Copel Geração e Transmissão S/A, Carlos Frederico Pontual Moraes, com os negócios da energética. O nome dele foi aprovado para o cargo pelo Comitê de Indicação e Avaliação da Copel, mas o parlamentar destacou que uma simples consulta na internet revela que Moraes é sócio de 14 empresas no ramo de energia, dentre elas Goyaz Transmissão de Energia, Borborema Transmissão de Energia, São Francisco Transmissão de Energia e Solaris. “Em caso semelhante, após denúncia do Senge, o gerente de compliance da empresa disse que um engenheiro sequer poderia prestar serviço ou ser proprietário de qualquer empresa de engenharia com atividades correlatas às executadas pela Copel. Que diremos de ser proprietário de 14 empresas com atividades correlatas?”, indagou o Soldado Fruet.
RECONDUÇÃO – O parlamentar também voltou a pedir a investigação do possível conflito de interesses na recondução ao cargo de presidente da Copel Telecom, Wendell Oliveira, após a privatização, já que ele conduziu todo o processo de venda da empresa. “É claro que, como presidente da empresa, o senhor Wendell possuía todas as informações sobre a Telecom, informações privilegiadíssimas e que poderiam ser bastante úteis a qualquer dos concorrentes”, apontou, na sessão de 14 de setembro de 2021, salientando que “qualquer empresa séria, que respeite seus acionistas, quando vendida, impõe quarentena a seus executivos como forma de evitar prejuízos ao comprador ou suscitar dúvidas quanto ao vazamento de informações privilegiadas”.