Moção da CTB em repúdio à proposta de privatização do sistema Eletrobras

Senge Paraná
28.AGO.2017

Confira a moção da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) em repúdio à venda da Eletrobras. O documento foi aprovado no 4º Congresso Nacional da entidade, realizado na última semana, em Salvador (BA):

Marcelo Casal Jr.Marcelo Casal Jr. / Agência Brasil

Moção de repúdio à proposta de privatização do sistema Eletrobrás

Nós, trabalhadores e trabalhadoras do setor da energia, participantes do 4º Congresso da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), manifestamos nosso repúdio à proposta de privatização das empresas do sistema Eletrobras, que se configurará em um verdadeiro crime de lesa-pátria caso seja aprovado pelo Congresso Nacional e realizado pelo governo ilegítimo de Michel Temer.

A Eletrobras é uma gigante do setor elétrico mundial, resultado de décadas de esforço e dedicação de várias gerações de trabalhadores brasileiros, pivô de nosso desenvolvimento econômico e integração regional, não apenas como empresa de energia, mas como instrumento de promoção de inclusão social e da construção da soberania energética do Brasil.

Ao propor a redução da participação da União na Eletrobras, para 47% do poder acionário, em troca de irrisórios 20 bilhões de reais, frente a uma receita de R$ 60 bi/ano, o Ministério das Minas e Energia vai na contramão daquilo que tem feito todas as nações soberanas do mundo.

Enquanto países como China, Estados Unidos e Canadá têm visto a manutenção das usinas hidrelétricas sob controle estatal como questão de segurança nacional, reduzindo ou eliminando a participação do setor privado, a proposta do governo golpista de desfazer-se de um de nossos maiores patrimônios é uma traição às futuras gerações de brasileiros.

Trata-se de uma empresa composta por grandes usinas hidrelétricas, termelétricas, nucleares e renováveis, uma empresa capaz de interligar um país continental como o Brasil através de grandes linhas de transmissão, uma empresa que leva energia às populações das dos mais distantes regiões do país, inclusive na região amazônica, também com risco de venda para os estrangeiros.

Trata-se de uma empresa ímpar em conhecimento técnico-científico das bacias hidrográficas brasileiras, do potencial energético, dos ecossistemas e da realidade nacional de norte a sul, conhecimento produzido e acumulado por engenheiros, técnicos, operários e profissionais das mais diversas habilitações ao longo de 55 anos de história.

A Eletrobras detém um valor inestimável, que não cabe na avaliação míope de uma classe política rendida ao capital financeiro internacional.

Mente o governo Temer ao tentar humilhar este grande trabalho da nação brasileira, dizendo tratar-se de uma empresa ineficaz e deficitária. Mente o governo Temer ao dizer que as tarifas ficariam mais baratas sob um sócio privado. Mente o governo Temer ao tratar como solução única para a Eletrobras a privatização, desfazendo-se de um bem estratégico para resolver um problema conjuntural.

Mente o governo Temer ao pontuar uma suposta libertação das empresas da intervenção política, na medida em que o que se vê é a substituição da gestão técnica designada por gestores eleitos pelo povo, por uma gestão designada por elites autocráticas, sem qualquer compromisso com o povo, mas detentoras de poder político.

As consequências desta proposta acéfala estão claras e postas pela história das privatizações no Brasil e no mundo: desrespeito aos trabalhadores, desemprego em massa, altas nas tarifas para a população, redução da qualidade dos serviços e aumento dos acidentes de trabalho.

Diante disso, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil entende que cabe ao movimento sindical mobilizar a sociedade brasileira em defesa desta grande empresa, patrimônio de nosso povo, por um novo modelo de setor elétrico, um modelo popular, e base indispensável para a superação deste período histórico sombrio, em favor de um novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, que tenha por fundamento a construção de um Brasil soberano e democrático.

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