A Copel deve seguir lucrando com privatizações. Essa é a mensagem dada na Conferência de Resultados de 2021 com o mercado financeiro. Nela, o presidente da empresa, Daniel Slaviero, e diretores da companhia sinalizaram que a venda da Compagas e Foz do Areia podem se reverter em dividendos aos acionistas, como ocorreu com a Telecom. Satisfeito com o resultado, o mercado ainda questiona se a distribuição do lucro não poderia ser ainda maior.
“É o quarto ano consecutivo batendo recordes históricos de lucro”, comentou o presidente Daniel Slaviero. Para a empresa, os resultados não trazem surpresas e agradam o mercado. Também destacaram que a mudança de regras permitiu reduzir em 30% o que foi pago de PLR aos funcionários.
“Os custos gerenciáveis, excluindo provisões e reversões, reduziram 15,6% em comparação com o 4T20, devido, principalmente, à redução de 22,7% dos custos com pessoal e administradores, que reflete os efeitos dos menores montantes contabilizados no trimestre para participação nos lucros e resultados (PLR) e prêmio por desempenho (PPD)”, diz Adriano Rudek.
Ele ainda comentou sobre dividendos. “Sempre é possível pagar mais dividendos de acordo com a política de dividendos”, disse após perguntarem se o payout poderia ser maior do que os 65% já pagos.
Quais são os desafios futuros?
A Copel 2030 está sendo planejada a partir de 2023. Uma das ações é atuar na agenda regulatória, abrindo mercados de baixa tensão e adequação à nova legislação. O Projeto de Lei 414/21 muda as regras de funcionamento do setor elétrico e amplia o acesso ao mercado livre de energia elétrica para todos os consumidores brasileiros, inclusive os de baixa tensão (residenciais). Já aprovado no Senado, o texto tramita na Câmara dos Deputados.
A empresa está contratando mais uma consultoria para discutir seu futuro. Por outro lado, para o presidente, a conjuntura do Brasil e mundial determinam que seja um momento de cautela.
É dentro deste planejamento de futuro que entra a venda da Compagas. A Copel venceu o processo de outorga e espera as condições para renovar a concessão Após isso, a expectativa é privatizar a empresa até o fim de 2022.
Foz do Areia também está na mira da privatização. O mercado está de olho nas privatizações e está confiante com a promessa de que a venda ocorra no último trimestre de 2023.
Vender a Compagas não deve ser disputada
Próxima da lista de privatização, dois dos questionamentos em relação a Compagas abordam o aumento do gás e a crise mundial proporcionada pela guerra. Para a Copel, por outro lado, a expectativa é a valorização da empresa neste cenário.
“A competição é bem menor do que no caso da Telecom. lá foram 14 empresas questionando e 7 participando. Para a Compagas, não esperamos um processo com esse grau de competição. Além da Cosan e Compass, subsidiária da Cosan, esperamos mais um ou outro comprador”, admite Daniel Pimentel.
Transparência
Embora pregue a transparência em suas ações, a Copel não respondeu questionamentos que envolvam justamente este ponto durante a conferência. Ficou sem resposta (e menção) a pergunta que questionava processos de quarentena para executivos da companhia.
Indaga-se: Há previsão de mudanças em compliance e governança no que diz respeito à saída de executivos da Companhia, garantindo uma quarentena preventiva antes que sejam contratados por outras empresas do setor? Faço menção ao caso recente de um ex-Diretor da Copel que foi para a Cemig sem quarentena e acabou por ocasionar a perda do Leilão de Transmissão nº 2/2021 – Lote 1 para uma das empresas do grupo Cemig.