A fome se agrava no Brasil. E o seu combate não pode, nem deve ser uma moeda de troca. Em um cenário com mais de 33 milhões de pessoas passando fome ou em dificuldades de alimentação, tem muita gente saindo em assistência da população.
O programa Senge Play desta semana discutiu a Fome no Brasil, o combate e a importância do voluntariado. Iniciativas como o “Marmitas da Terra” e “Cozinhas Comunitárias” têm sido fundamentais neste atual momento.
De acordo com pesquisa da Rede Penssan, no fim de 2020, 19,1 milhões de brasileiros conviviam com a fome. Em 2022, são 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer. O estudo mostra ainda que 41,3% dos domicílios estavam em situação de Segurança Alimentar, enquanto em 28,0% havia incerteza quanto ao acesso aos alimentos, além da qualidade da alimentação já comprometida. As famílias com crianças têm sido as mais atingidas pela fome.
Contra esse cenário, o Marmitas da Terra, uma iniciativa do MST do Paraná, tem atuado para levar um prato de comida para as pessoas com insegurança alimentar. De acordo com Marquinho Pereira, um dos coordenadores do Marmitas, desde setembro de 2020, o projeto já doou 150 mil refeições em Curitiba. O levantamento ainda aponta que ao longo dos últimos dois anos mais de 1 mil toneladas de alimentos já foram doadas.
Já Marcieli Lemos, professora e voluntária do programa, contou como a solidariedade com as pessoas é, muitas vezes, a única chama de esperança. Segundo Marcieli, ao distribuir as marmitas, ela se emociona ao ver que tem muitos trabalhadores de aplicativos, catadores de recicláveis, gente procurando emprego que depende daquela marmita para se alimentar. “A fome é um projeto político e nós precisamos combatê-la. Não é possível que o Brasil seja um dos maiores produtores de comida do mundo e deixe seu povo sem ter o que comer”, alerta.
Adote uma marmita
As Marmitas solidárias são feitas com alimentos da Reforma Agrária Popular para pessoas em situação de vulnerabilidade – Curitiba/PR. São produtos orgânicos produzidos por famílias assentadas e da agricultura familiar de todo o estado.
A iniciativa precisa do apoio da sociedade. “Todas as quartas preparamos e entregamos 1.350 marmitas em praças e comunidades de Curitiba e Região Metropolitana. Para que essas refeições cheguem a quem mais precisa, estamos fortalecendo nossa campanha de arrecadação e precisamos da sua colaboração”, incentiva Marquinhos Santos.
🙏 PARA DOAR, BASTA PREENCHER ESTE FORMULÁRIO
As doações podem ser feitas a partir de R$ 15. “Nós nos encarregamos de enviar um lembrete com o link para a transferência. Você pode acompanhar tudo pelo nosso Instagram @marmitas_daterra“, garante o movimento.
FOME É RESPONSABILIDADE DO GOVERNO FEDERAL
Durante o Senge Play Brasil Contra Fome se debate a responsabilidade do Governo Federal neste cenário. Uma das críticas ao atual modelo de assistência social é que o Auxílio Emergencial chega às pessoas vindo da CAIXA, excluindo, por exemplo, o trabalho dos CRAS que mapeavam as pessoas mais vulneráveis.
O Documento ‘Brasil, do flagelo da fome ao futuro agroecológico‘ traz análise inédita dos principais atos recentes do Governo Federal que fragilizaram as políticas agrícolas, ambientais e alimentares no Brasil. O Programa de Aquisição de Alimentos, por exemplo, teve seu orçamento reduzido de R$ 1,3 bilhão para R$ 135 milhões. O presidente Jair Bolsonaro ainda concentrou 60% da verba do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) em apenas uma região do país.
Recentemente, Bolsonaro também vetou o reajuste no valor pago a estados e municípios para a alimentação escolar. O veto ocorre em um momento em que a fome atinge 18,1,% dos domicílios com crianças menores de 10 anos, quase o dobro do que em 2020, que era de 9,4%. A “economia” que o governo deve fazer com este veto, considerado desumano por educadores, é menor do que R$ 2 bilhões, muito abaixo do que foi destinado às emendas do orçamento secreto, de R$ 19 bilhões.
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