Greca, os funcionários da Cohab estão imunes ao coronavírus?

Prefeitura adota políticas diferentes para população e funcionalismo

Foto: Rafael Silva
Comunicação
20.MAR.2020

O prefeito de Curitiba, Rafael Greca, foi à televisão e chorou. Havia caído a ficha de que o coronavírus não está pra brincadeira. Mudança de postura de quem não tinha levado a enfermidade a sério. A partir daí, uma série de medidas passaram a ser tomadas, mesmo que atrasadas, para conter a transmissão do vírus. De manutenção das aulas a suspensão das atividades escolares a partir do dia 23 de março. Em seguida, o fechamento de bares, restaurantes, comércio em geral, academias e shoppings. Tudo na mesma sintonia com as medidas do Governo do Paraná. 

No entanto, nem tudo está parando. É o caso da Cohab. O Decreto 430 não trata desses trabalhadores. A omissão pode colocar em risco essas pessoas. Ou os funcionários públicos, por acaso, estão imunes ao coronavírus?

O Decreto 430 lista as providências e estabelece normas direcionadas aos agentes públicos municipais, como medida de enfrentamento, prevenção e controle do novo Coronavírus (COVID-19). Entre as medidas para o afastamento, estão:

I – o agente público, sem sintomas, será afastado pelo prazo de sete dias, a partir da comunicação do fato, em caso de contato com paciente infectado;

II – o agente público, com sintomas, será afastado pelo prazo de quatorze dias, a partir da data da comunicação do fato, em caso do contato com paciente infectado;

Art. 4º Os agentes públicos com idade igual ou superior a 65 anos e gestantes serão autorizados a realizar trabalho remoto ou, sendo este impossível, em face das peculiaridades do serviço desempenhado, terão concedida a dispensa de comparecimento ao trabalho.

As medidas são insuficientes. O prefeito Rafael Greca adota posição dúbia no combate ao coronavírus. Na reunião do Centro de Operações de Emergência (COE), que contou com a presença do presidente da Cohab, José Lupion Neto, foi definida medidas de austeridades para a sociedade em geral para evitar o contágio; para o funcionalismo, se nota flexibilização do trabalho e exposição das pessoas. Qual é o sentido de mandar fechar todo o comércio, por exemplo, mas manter as atividades na Cohab?

Se as autoridades de saúde e os protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS) orientam pela confinamento em casa como melhor mecanismo para frear o contágio e que apenas atividades essenciais devem ser mantidas, qual é o sentido de expor os demais trabalhadores de órgãos públicos? Curitiba já tem 17 casos identificados e o Paraná, 23. O coronavírus não tem ideologia, mas as decisões políticas definem quem corre mais risco de contaminação.

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