Funcionários da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) lotaram o auditório da Companhia, no início da tarde desta quinta-feira (23), em Assembleia sobre a negociação salarial deste ano. Por unanimidade, os trabalhadores rejeitaram a contraproposta da Cohab para o Acordo Coletivo de Trabalho, que tem como principais pontos: zero de reajuste nos salários-base; até 50% de cortes em gratificações de risco; reajuste de 1,76% para benefícios; redução do abono natalino de 1,5 para 0,5; e pagamento até o 5º dia útil.
Diante da avaliação negativa da proposta, os funcionários também aprovaram, por unanimidade, estado de greve a partir de hoje até o final de setembro. Caso a nova proposta da Cohab seja rejeitada, e não haja mais espaço para negociação, será deflagrada greve por tempo indeterminado. Os trabalhadores reivindicam manutenção de todos dos direitos já conquistados e reajuste salarial de 3% conforme índice da Convenção Coletiva assinada com o sindicato patronal.
O Senge-PR esteve representado pela diretora Edilene Andreiu, engenheira civil da Cohab, além da assessoria jurídica e de negociação da entidade. Também participaram da Assembleia representante do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas (Sindarq-PR), do Sindicato dos Trabalhadores em Urbanização (Sindiurbano), do Sindicato dos Assistentes Sociais (Sindasp) e o Sindicato dos Advogados.
Risco de redução de salários para engenheiros e arquitetos
Com a justificativa da falta de recursos, a direção da empresa disse em reunião com representantes dos sindicatos, no dia 21 de agosto, que fará corte de até 50% em gratificações, sem qualquer debate ou formalização da mudança. Para engenheiros e arquitetos, corte em gratificações significam redução de salários. Isso por que elas foram incorporadas à remuneração como compensação à diferença salários que existia entre profissionais da mesma área lotados na prefeitura.
“Para nós, engenheiros e arquitetos, cortar 50% das gratificações significa uma redução de até 15% nos salários, o que nos colocaria novamente com uma situação de desigualdade em relação aos profissionais que trabalham no executivo municipal”, explica Edilene Andreiu, diretora do Senge-PR. A engenheira relembra ainda que a conquista da equiparação salarial é resultado da greve de arquitetos e engenheiros, realizada em 2013.
Edilene Andreiu, diretora do Senge-PR e engenheira civil da Cohab
Falta de transparência
Informações desencontradas e informais têm tomado espaço no ambiente de trabalho da Cohab. A empresa descumpre a Lei de Acesso à Informação ao não divulgar publicamente, no site da instituição, o salário bruto dos cargos comissionados e diretores. As informações disponibilizadas no site são de salários-base, sem indicar benefícios e gratificações.
Outra informação de bastidores, não formalizada, é a de que funcionários serão cedidos para órgãos da prefeitura, como forma de reduzir o valor da folha de pagamento da empresa. No entanto, trabalhadores relataram haver cargos comissionados exercendo funções típicas de funcionários públicos, ou não comparecendo ao local de trabalho. O que indica, portanto, que há manutenção deste tipo de cargo em detrimento dos funcionários de carreira do órgão.
Entre os encaminhamentos da Assembleia está a reivindicação de que a empresa apresente a proposta de reestruturação a todos os funcionários de uma única vez, com abertura para o debate com os trabalhadores afetados. Com relação à falta de transparência sobre os cargos comissionados, os sindicatos farão um novo pedido de informações e uma denúncia ao Ministério Público.
Texto e fotos: Ednubia Ghisi, jornalista do Senge-PR