Neste 24 de fevereiro, comemoramos 83 anos da conquista do voto feminino, em 1932, durante o governo Getúlio Vargas. Mas a luta não começou nessa data. Uma mulher, Celina Guimarães Viana teve seu pedido de voto aceito em um cartório da cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Celina votou em 5/4/1928 e, embora o caso tenha ficado mundialmente famoso, o Senado não aceitou.
Um ano após a mudança do Código Eleitoral, nas eleições de 1933, a médica, escritora e pedagoga Carlota Pereira de Queirós foi eleita a primeira mulher deputada federal brasileira. Hoje, 83 anos após a conquista do voto feminino lutamos pela ocupação dos espaços de poder por mulheres. A representação feminina no Congresso Nacional é de apenas 10%, ou seja, dos 513 cargos, apenas 51 são mulheres.
É preciso pensar novas formas de inclusão de mulheres, negros e indígenas nos espaços de poder. Apenas uma reforma política popular alcançaremos igualdade na ocupação dos espaços de poder. Compreendemos que alguns princípios são irretocáveis no projeto de reforma política para o país, como o fim do financiamento privado de campanha e a regulação econômica da mídia.
A recente eleição para a presidência da Câmara, agora presidida pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ilustra o cenário mais conservador em relação aos direitos humanos. As pautas de gênero serão omitidas e combatidas, conforme atestou Cunha sobre o aborto, por exemplo. A ampliação dos espaços de poder por mulheres aumenta a nossa capacidade de disputa das pautas de gênero e de concepção de sociedade com justiça, igualdade e fraternidade. Alinhada à reforma política, é central a democratização dos meios de comunicação, como forma de afirmar narrativas inclusivas, comprometidas com a diversidade de nosso país.
Ainda falta muito para avançarmos, mas temos a esperança e a força para lutar por uma reforma política verdadeiramente popular e comprometida com o aprofundamento da democracia.
Coletivo de Mulheres da Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge)