Bem recentemente, no dia 21 de setembro, foi comemorado o Dia da Árvore. A data faz voltarmos nossa atenção para tantos problemas ambientais, como o desmatamento, as práticas frágeis de controle de derrubada de árvores, e também para a importância da presença das árvores nas cidades. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) entende que as árvores têm papel fundamental na qualidade de vida de uma cidade e trabalha ativamente, integrando um comitê estadual de arborização urbana, para estabelecer critérios para bons planos municipais de plantio de árvores nas ruas das cidades.
Além de colaborarem para moderar e refrescar o calor do asfalto e das construções, as árvores ajudam a reduzir o dióxido de carbono dos carros, melhoram o escoamento das águas e enchentes, reduzem os níveis de barulho e oferecem abrigo para pássaros, o que deixa qualquer vizinhança mais feliz e leve. Quando lembramos que, desde o ano 2000, mais de 81% da população brasileira mora em cidades, entendemos melhor a necessidade da presença verde em nossas ruas e avenidas. Essas informações estão no Caderno Técnico do Crea – Arborização Urbana, uma publicação atualizada de tempos em tempos e entregue aos parlamentares paranaenses, com o objetivo final de melhorar a qualidade de vida das pessoas. O tema está sendo atualizado pela engenheira agrônoma do Crea-PR, Marlene Ferronato, e em breve deverá ser entregue aos deputados, compondo a agenda parlamentar do Conselho.
Ficou animado com o tema e quer ser um defensor das árvores em sua cidade? Então essa matéria pode te ajudar. Com a ajuda de agrônomos do Crea-PR, vamos listar cinco dúvidas comuns de quem quer ser um apoiador da arborização urbana.
1 – É necessário ter permissão para plantar árvores na rua?
Quase sempre, sim. Para responder a essa questão, precisamos contar uma historinha para você. Muita gente não sabe, mas os projetos de arborização urbana são de responsabilidade dos municípios, que criam suas propostas e submetem à aprovação de um comitê com diversas instituições, como Crea-PR, o Ministério Público Estadual, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), a secretaria de estado de Desenvolvimento Sustentável e Turismo, o Conselho Regional de Biologia (CRBio), Copel, UFPR e UTFPR. Nas cidades maiores, geralmente há a necessidade de ter permissão para o plantio de árvores nas ruas. Mas essa é uma questão que depende da política adotada em cada cidade e está regulamentada no plano de arborização municipal. É importante consultar a secretaria municipal responsável por esse tema. A engenheira do Crea-PR, Marlene Ferronato, explica que os planos municipais envolvem uma série de aspectos. “O plano de arborização urbana não pode ser feito de forma aleatória. É importante ter um profissional capacitado para desenvolver todas as etapas desse projeto, que envolvem o plantio, a poda, a manutenção, o monitoramento, e as análises de risco e de retirada”, destaca a engenheira agrônoma.
2 – Quais são as espécies mais indicadas para plantio?
São indicadas as árvores que não apresentam riscos. As prefeituras levam em conta o tamanho da calçada, a presença ou não de fiação de alta tensão, se a árvore é frutífera e que tipo e tamanho de fruto dá, tamanho da folhagem e das raízes, clima da região, florada, entre outros aspectos. Tudo depende de onde a árvore será plantada. Flamboyants e sombreiros vão bem em lugares quentes, pela sombra que produzem – sombreiros em locais com bom escoamento de água de chuva, por suas folhas grandes, por exemplo. Cerejeiras e ipês têm melhor adaptação em cidades com clima frio. Se a calçada tem fiação dos dois lados, o melhor é optar por árvores de pequeno e médio porte. Os planos de arborização urbana devem evitar sempre árvores com frutos grandes, ou que produzam manchas ou tenham espinhos, e exóticas invasoras (planta não originária daquele local e que se prolifera sem controle).
3 – Como posso cuidar das árvores que estão em minha rua?
O maior problema a ser combatido nos planos de arborização urbana é o vandalismo, segundo o engenheiro agrônomo do Crea-PR e técnico do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Mauro Scharnik. “As mudas levam de 3 a 4 anos no viveiro para chegar à altura ideal de ir para as ruas, que é de 2 metros. É raro ver uma muda que dure uma semana. É triste, mas é a coisa mais comum. Falta algumas pessoas entenderem como uma árvore traz benefícios a uma cidade”, lamenta o engenheiro. Ele também lembra que no interior ainda é comum pintarem os troncos das árvores de branco, com cal, o que prejudica a transpiração da planta e, portanto, deve ser evitado. Os cuidadores de árvores também devem ficar atentos à saúde das plantas. Se for perceptível que a árvore está doente, é importante acionar a secretaria responsável que vai analisar se a planta deve ser removida ou podada.
4 -Posso plantar sementes de frutas exóticas, que compro no mercado?
Se a ideia é plantar em um espaço público, vale lembrar que é preciso consultar as regras do plano de arborização urbana de sua cidade. Talvez você também tenha recebido, há algum tempo, uma mensagem dessas de Whatsapp incentivando a plantar sementes das frutas que compra no mercado, para ajudar a reflorestar o planeta. E aí? Pode ou não pode? Um plano de arborização urbana não tem como interferir no plantio feito em um vaso dentro de sua casa, ou em seu quintal. O que vale é o bom senso. Se a ideia é ajudar o planeta, legal mesmo seria plantar árvores típicas da sua região, que crescem saudáveis no clima de sua cidade, com as características do solo de sua localidade. Ou seja: pode? Pode. Mas o conselho é para que seja feito de forma que não prejudique o ecossistema de sua região. Para saber quais árvores são exóticas invasoras é só consultar a portaria publicada pelo IAP aqui.
5 – Em que situações posso pedir para tirar uma árvore?
Não se retira uma árvore porque as folhas dela ou seu entorno de terra sujam a calçada. A retirada é autorizada quando há algum tipo de risco para moradores ou para a própria planta, segundo a engenheira do Crea-PR, Marlene Ferronato. “É importante ter uma equipe de especialistas para analisar se a árvore precisa mesmo ser retirada ou se uma poda resolve a questão. Esses técnicos vão diagnosticar a saúde externa e interna da árvore com ajuda de equipamentos ou apenas visualmente, quando a galhada está secando por completo, por exemplo”, explica.
Se você gostou do tema e quer se aprofundar, temos duas cartilhas que podem ajudar: o caderno técnico do Crea-PR, aqui, e o manual de arborização urbana do Ministério Público Estadual, aqui.
Em algumas cidades do Estado, os planos de arborização urbana são elaborados por conselhos formados por várias instituições, incluindo o Crea-PR. Há também municípios onde há a participação do Crea-PR no conselho municipal de Meio Ambiente, como em Guarapuava. Em Maringá, o tema tem até plano gestor. Entre os avanços mais recentes, está a escolha das 77 espécies nativas para serem plantadas na cidade. A definição ocorre para mais de 2.300 ruas e avenidas do município. A comissão que elabora o Plano é formada por sete grupos, que totalizam quase 40 especialistas de várias formações (Engenheiros Civis, Florestais e Agrônomos, Geógrafos, Biólogos e Arquitetos).
Além da prefeitura, o Plano conta com o trabalho de voluntários de órgãos e instituições de ensino, como do Conselho de Engenharia e Agronomia do Paraná, Emater, Funverde, Universidade Estadual de Maringá, Associação Comercial e Empresarial de Maringá, Unicesumar, Uningá, Copel e Sanepar. Pelo Crea-PR, a demanda pelo PGAU é acompanhada desde 2012, quando a entidade reforçou à prefeitura a análise feita no Censo da Árvore. A pesquisa de 2004/2005 apontou que 35% das árvores de Maringá, das 108 mil catalogadas no levantamento, precisavam de um manejo urgente porque estavam doentes. Atualmente, a cidade tem cerca de 190 mil árvores.
(com informações de Carina Bernardino)
Jornalista: Denise Morini – Crea-PR