A Copel apresentou seus números ao mercado financeiro hoje (22) no evento chamado Copel Day. A empresa comemorou a transformação em corporação e todo o processo que, em seis anos, demitiu praticamente metade de seus trabalhadores. No comunicado, em evolução dos PDVs, a Copel informa que tinha 8245 funcionários em 2017. Em 2019, quando a dupla Ratinho Junior e Daniel Pimentel assumem o Governo do Paraná e a empresa de energia, as pessoas foram saindo da empresa em processo incentivado. Agora, com o último e polêmico PDV, a empresa reduzirá seu efetivo de 5830 (2023) para apenas 4393 funcionários em agosto de 2024.
O novo custo dessas demissões incentivadas é de R$ 610 milhões, incluindo-se as despesas com pós-emprego e multa de 40%. Contudo, a despesa se paga rapidamente, uma vez que a estimativa de economia será de R$ 428 milhões ao ano, segundo a empresa. “Payback menor do que dois anos”, diz o comunicado.
Os pedidos de saída deste PDV chegaram à marca de quase 3 mil empregados. No entanto, foram aceitos 1437 desligamentos. A empresa admite que destes, 356 cargos são de demissões críticas para o negócio e é necessário realizar “plano de transferência de conhecimento” por conta da perda de capital humano. Esse plano deve ocorrer de dezembro deste ano até agosto de 2024, quando o desligamento total é efetivado.
Por outro lado, para quem fica na Copel, a promessa é de executar a revisão da estrutura de carreira e remuneração. O prazo previsto é maio a setembro de 2024. A empresa ainda prevê um plano de desenvolvimento para o ano que vem.
Processo questionado
As demissões homologadas e negadas ainda são alvo de questionamento dos 17 sindicatos que compõem a base da Copel. O principal questionamento é de que o CEO Daniel Pimentel afirmou que todos que aderissem ao programa teriam seu desligamento aceito. Na próxima segunda-feira, 27, as entidades têm mesa com a Copel marcada na Delegacia Regional do Trabalho do Paraná. (DRT).
Olhar viciado
Os números apresentados aos investidores, mais uma vez, são tendenciosos e viciados. É o que avaliam os sindicatos. Apresenta-se eventual retorno financeiro da redução de empregados somente sob a ótica de custos. “De maneira simplista, aos empregados são atribuídos somente seus custos. Em nenhum momento é avaliado ou considerado o resultado do trabalho (ou a falta de resultado, a depender de onde ocorrem as demissões)”, comenta-se.
“Se, por um lado, a própria Copel reconhece que terá que repor parte dos empregados que sairão, a mesma esconde os possíveis impactos da falta daqueles que não terão seus postos ocupados por outro empregado. As consequências dessa miopia gerencial é a piora dos níveis de atendimento e da capacidade de resolver e antecipar problemas de maior complexidade”, alertam, citando o recente apagão em São Paulo, onde a concessionária optou pelo mesmo caminho de redução incondicional de empregos.