A Rede Integrada de Transporte de Curitiba, por anos cantada em verso e prosa como uma das melhores do mundo pelos diversos prefeitos da capital, vive hoje o seu pior momento histórico.
A desintegração do sistema é fato que penaliza com rigor, principalmente os trabalhadores que vivem nas cidades metropolitanas. Ou seja, quem mais precisa é justamente quem tem que pagar mais. Um morador de Araucária, por exemplo, que antes pagava tarifa única para se deslocar até Curitiba, passou a pagar R$ 5,80 no trajeto. E não é só isso, uma vez que, chegando na capital, tem que desembarcar fora do terminal e desembolsar mais R$ 3,30 para andar de transporte público em solo curitibano.
Os vícios e males que afetam o sistema de transporte e prejudicam os cidadãos curitibanos e das cidades vizinhas têm problemas na origem, com irregularidades no processo licitatório e indícios de formação de cartel pelas empresas que operam o sistema.
Com base em um estudo jurídico e em defesa do transporte público de qualidade e com tarifa justa, o Senge-PR e mais quatro entidades sindicais encaminharam aos agentes públicos, em julho de 2013, pedido de suspensão dos efeitos da outorga de concessão às empresas de transporte; que a Prefeitura assuma os serviços, anule os contratos firmados, recupere os valores apropriados pela outorga e responsabilize os agentes públicos e privados por irregularidades.
Além disso, a partir de subsídios que apontam para a falta de lisura na licitação do transporte, as entidades sindicais entraram com representação junto ao Ministério Público, nas esferas estadual e federal, à Prefeitura Municipal e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), por indícios de formação de cartel, solicitando a anulação do processo licitatório de concessão dos serviços de transporte público de Curitiba.
A questão também foi debatida na Comissão de Transporte da Câmara Municipal de Curitiba, com a participação dos sindicatos e de demais representantes da sociedade civil organizada.
As entidades que participam deste processo são o Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR), o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), a Associação dos Professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Seção Sindical do ANDES-SN, o Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários, Financiários e Empresas do Ramo Financeiro de Curitiba e Região (Bancários de Curitiba) e o Sindicato dos Trabalhadores em Urbanização do Estado do Paraná (Sindiurbano).
Os motivos que levam o transporte curitibano a uma realidade decadente são retratados no documentário “Entre Linhas: o que está oculto no transporte público coletivo de Curitiba”, produzido pela agência Abridor de Latas, que você assiste a seguir: