O deputado estadual Soldado Fruet (PROS) questionou o uso dos recursos da venda da Copel Telecom, em discurso na sessão plenária na segunda-feira (23). Segundo ele, diferente do que o governador Ratinho Junior (PSD) afirmou na época da privatização, que os recursos seriam investidos no crescimento da companhia, com foco na geração e transmissão de energia elétrica, o Conselho de Administração da Copel aprovou há poucos dias o repasse de mais de R$ 1,2 bilhão em dividendos aos acionistas com dinheiro da venda da subsidiária de telecomunicações. Em contrapartida, a Copel abriu PDI para fechar 350 postos de trabalho, voltados justamente para funcionários da Telecom.
A empresa de banda larga foi arrematada em novembro de 2020 pela Bordeaux Participações e a transação foi concluída no último dia 3 de agosto. No dia do leilão, Carlos Massa Ratinho Junior disse à Istoé Dinheiro que “os recursos vão ser todos investidos na expertise da Copel, que é energia”.
Mas o Soldado Fruet leu aos parlamentares parte da ata da reunião do Conselho de Administração da Copel realizada no último dia 4 de agosto: “Deliberação sobre o pagamento do saldo remanescente dos dividendos de 2020: o senhor Adriano Rudek de Moura, diretor de Finanças e de Relações com Investidores, apresentou o fluxo de caixa da companhia até o final do exercício e, diante das informações apresentadas, demonstrou que há possibilidade de efetuar o pagamento do saldo remanescente dos dividendos com a entrada de recursos da venda da Copel Telecomunicações S/A”. Conforme a ata, o pagamento de R$ 1.275.224.524,90 em dividendos foi aprovado por unanimidade.
“Sempre afirmei que a venda da Copel Telecom era desnecessária e o dinheiro iria para os bolsos dos grandes investidores. Está aí, posto e assinado na ata da empresa que os dividendos bilionários pagos dias atrás somente foram pagos graças aos recursos da venda da Copel Telecom”, apontou o Líder do PROS.
Essa possibilidade já era denunciada pelos sindicatos que compõem o Coletivo da Copel. Para as entidades, a Copel cai em contradição, uma vez que havia anunciado durante a privatização que os empregos seriam preservados e estes profissionais seriam absorvidos pela Copel.
Essa possibilidade já havia sido citada por Leandro Grassmann, presidente do Senge-PR, há pouco mais um ano (19/08/2020): “Não nos surpreenderá que após esse ano, com ‘excesso de funcionários’, a Copel abra um PDV para enxugar o quadro de funcionários excedentes como tem feito nos últimos anos e adotado como política de maximização dos lucros”, alerta o presidente do Senge-PR (Clique aqui e confira).