Quase um ano após questionar na Assembleia Legislativa a compra da usina solar de Bandeirantes pela Copel, e ainda sem resposta ao requerimento que encaminhou ao presidente da empresa na ocasião, o deputado estadual Soldado Fruet (PROS) anunciou na sessão desta quarta-feira (19) que formalizará um pedido de investigação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a respeito da falta de informações sobre a transação. Segundo ele, a palavra “transparência” que é tão citada no meio político, “defendida com unhas e dentes por quase todos, mas levada a efeito por tão poucos”, mas a Copel não divulgou fato relevante aos acionistas sobre a aquisição de ações da usina.
Desde o final de maio de 2020, o parlamentar vem solicitando esclarecimentos a respeito desta usina solar pequena, “insignificante perto da potência instalada da nossa grande Copel”. “Na oportunidade, pedi explicações, informações sobre os valores pagos e sobre as coincidências entres os sobrenomes de diretor da Copel e de diretor do grupo vendedor da usina”, lembrou. “Fui enrolado. A Copel me informou que respondeu a Casa Civil para que esta encaminhasse ao nosso gabinete. O procurador do Estado junto à Casa Civil rapidamente deu um despacho informando não estar a Copel vinculada a cumprir a lei e prestar informações aos parlamentares, mesmo sendo o Estado seu maior acionista”, relatou o Soldado Fruet.
“Claro, é uma artimanha jurídica. Sempre existem dois pareceres: o que interessa e o verdadeiro”, pontuou o Líder do PROS, ressaltando que a Liderança do Governo se esforçou para dizer que estava tudo certo e que tudo é transparente dentro da Copel.
“Realmente eu pensava isso, pois obediente às normas da CVM e da SEC norte-americana, a Copel sempre divulgou fatos relevantes de suas aquisições”, disse o deputado, citando como exemplo o comunicado da última segunda-feira (17) relativo à aquisição do Complexo Eólico Vilas, do grupo Voltalia Energia do Brasil S/A, por R$ 1,05 bilhão.
Este fato chamou mais ainda a atenção do Soldado Fruet ao caso Bandeirantes. “Por que, pela primeira vez na história da Copel, nenhum documento foi divulgado sobre aquela aquisição? Por que dessa vez tudo foi feito certinho, dentro da lei e da transparência e naquela vez tudo foi feito, infelizmente, de maneira obscura?”, perguntou o deputado, complementando: “realmente não sabemos o que houve nem os interesses envolvidos”.
Além de acionar o CVM, ele também encaminhará o mesmo documento à SEC. “Pode ser que demore um pouco, mas teremos respostas sobre essa aquisição: descobriremos quanto foi pago pela usina, quem fez as avaliações e, se a exemplo da pedalada fiscal no Tecpar, também não teremos uma Pasadena em nosso Estado”, afirmou.