Os recordes de faturamento da Copel revelam – ou escondem – que a política da empresa é aumentar a distância entre acionistas, diretoria e funcionários. Pelo menos quando o assunto é remuneração e distribuição do bolo dos dividendos. Após adotar a política de enxugar o quadro de funcionários durante 11 anos, a Copel aumentou o valor pago ao mercado financeiro em 2021, enquanto reduziu a participação dos copelianos. Agora, se descobriu mais um jeitinho da diretoria da empresa para compensar o desempenho da companhia de energia sem a necessidade de remunerar igualitariamente os trabalhadores: chama-se PPD. O tal Prêmio de Desempenho que foi implementado em 2021 para os funcionários, mas que é pago à Diretoria desde 2019.
A regra criada pelo presidente Daniel Slaviero é simples. O PPD paga mais para os diretores em uma ponta, enquanto reduz o valor pago aos funcionários – em comparação ao abono – em outra. O modelo é injusto porque cria uma desigualdade de remuneração ainda maior na hora de distribuir os faturamentos. Para a diretoria, ao se atingir a meta, é pago 6 remunerações a mais. Os superintendentes recebem mais 4 remunerações. Os empregados, apenas 1 remuneração. Com isso, o valor pago ao funcionário deve cair quando comparado ao que é pago pelo abono salarial. E caso a meta seja superada em 20%, todas as premiações também crescem na mesma proporção. Ou seja, um diretor pode ganhar até 7,2 salários a mais em um ano!
A regrinha inventada por Daniel Slaviero para agradar seus colegas diretores encheu seus bolsos. O relatório com a remuneração total reconhecida para o exercício social de 2019 mostra o tamanho do brinde. Os sete membros da diretoria receberam R$ 4,9 milhões em salários neste ano. Já o bônus, via PPD, chegou a R$ 2,7 milhões. Faça as contas: de salário, são 710 mil reais por ano, 54 mil por mês, incluindo 13o salário. Já em bonificação são 387 mil reais. Somando tudo, os membros do C7, os “deuses da Copel”, como chamam os trabalhadores, ganharam R$ 1,098 milhão por cabeça. Isso ainda ocorreu em 2020, 2021 e vai ocorrer em 2022. “Da tão alardeada meritocracia, o que se percebe na Copel é que ela só vale para o alto escalão. Melhor seria assumir que trata-se de uma plutocracia”, avalia o Coletivo Sindical.
C7 ENRIQUECEM COM A COPEL
O enriquecimento a custas dos copelianos e do aumento da conta de luz é alvo de críticas na Assembleia Legislativa do Paraná. O deputado Soldado Fruet (PROS) questiona por que tanto dinheiro para eles. Para o parlamentar, a previsão de mais de R$ 3 milhões em bônus aos sete diretores, que se somam aos R$ 5,5 milhões para salários, é absurda. “Isso mesmo, quando a Copel alcança metas, ou seja, garante bilhões de lucros aos acionistas, seus diretores garantem milhões em suas contas”, enfatizou.
“Ganhando R$ 1 milhão por ano, alguém acredita que a diretoria da Copel e o próprio governador, que nomeou essa diretoria, estão preocupados com o povo?”, questionou, frisando que “o Governo está preocupado apenas com os bilionários acionistas da Copel, com os diretores, que são seus aliados políticos, e com as emissoras de rádio e TV que, cada vez mais, recebem rios de dinheiro da Copel para mostrarem as belezas que só existem na propaganda do Governo”.
FERRAMENTA INJUSTA DE REMUNERAÇÃO
A forma como Daniel criou o PPD para substituir o abono é mais uma ferramenta que aumenta a desigualdade salarial na empresa. Beneficia – e muito! – os maiores salários pagos aos gestores e prejudica os demais empregados. A começar porque o modelo já foi implementado em 2019 para si e algo similar para os empregados em 2021. Depois por que o presidente Daniel Slaviero já falava em PPD em 2019. Contudo, como não conseguiu “trocar” o abono pelo PPD para os funcionários, já implementou para os Diretores.
::. REVEJA DANIEL SLAVIERO CRIANDO REGRA DO PDD
Diante disso, se destaca que o Coletivo Sindical da Copel sempre defendeu uma distribuição mais equânime, com menos concentração de renda. Observa-se a Copel repetir um modelo que tem sido adotado em todo o país e no mundo em que os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres. Esse ‘mindset’ prova que a desigualdade financeira é um projeto e que a Copel, uma empresa dos paranaenses, tem atuado para ampliar as injustiças, seja estrangulando o povo na conta de luz, seja retirando a parte dos copelianos para colocar no bolso de poucos.
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