Os sindicatos se reuniram com a Copel no último 27 de março para tratar de questões trabalhistas. Neste dia, os emissários da empresa não se manifestaram a respeito da jornada de trabalho dos funcionários. Um dia depois, via comunicado intitulado “Home Office: alterações e orientações aos gestores”, a empresa, agora privada, unilateralmente restringiu a possibilidade de teletrabalho para apenas um dia. O anúncio ignorou deliberadamente todas as mesas e reuniões que ocorreram desde o período da pandemia para levar aos copelianos o melhor formato de jornada.
Diz o comunicado da “Gestão da Gente”, “considerando o momento de transformação da Companhia e alinhando a sua estratégia, que prevê a integração das pessoas e dos negócios, as Diretorias decidiram por estabelecer a jornada com 4 dias presenciais e 1 dia à distância, a partir de 6 de maio, nos termos do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) – ACT vigente”.
A mudança do entendimento da Copel ocorre após a empresa ser privatizada e dentro de um contexto que tem levado executivos de multinacionais e neoliberais a recuarem no formato que beneficia os trabalhadores.
Reportagem da BBC mostra que a jornada de cinco dias presenciais é o modelo preferido “especialmente no setor financeiro, instituições importantes, como JP Morgan Chase, Goldman Sachs e o Citigroup. E a Boeing também decidiu exigir que muitos dos seus empregados retornassem às suas mesas de trabalho”. O mesmo formato voltou a ser adotado pelo X (antigo Twitter) depois que Elon Musk comprou a rede. No fim de 2022, ele anunciou o fim do teletrabalho por e-mail.
Em comum, essas empresas têm o mesmo foco: maximização dos lucros e redução da qualidade de vida de seus trabalhadores. Outro ponto em comum: a fiscalização “ostensiva” de seus funcionários. Ignoram, por outro lado, que o teletrabalho traz qualidade de vida aos colaboradores e pode manter ou aumentar a produtividade. Um estudo desenvolvido pela Great Place to Work com a participação de 800 mil trabalhadores, concluiu que, em seis meses de teletrabalho, a produtividade manteve-se intacta ou até aumentou, em alguns casos
Mais do que as vantagens do teletrabalho, chama atenção a forma como a Copel escolheu se comportar com seus funcionários e sindicatos. Agora que se tornou uma corporação – mas sem perder de vista que o Governo do Paraná e o BNDESPar detêm vastas ações e poder decisório -, os diretores acreditam que não precisam se submeter ao interesse dos trabalhadores e à mesa de negociação. Um caminho equivocado que os sindicatos fazem questão de colocar nos rumos.