A Copel divulgou o resultado do seu lucro no terceiro trimestre de 2021. A companhia alcançou a marca de quase R$ 4,5 bilhões de EBITDA (Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização). O aumento é de 274,8% em relação aos R$ 1.198,6 milhões registrados no 3T20 e coloca na conta a privatização da Copel Telecom por R$ 1,7 bi e a repactuação do risco hidrológico (GSF), no valor de R$ 1.570,5 milhões. Na conferência de resultados prestada ao mercado financeiro, o presidente da Companhia, Daniel Pimentel Slaviero, destacou a realização do evento na nova sede, no KM 3.
No acumulado do ano, o lucro bruto da Copel é de R$ 7,4 bilhões. Aumento de 79,9% em relação ao mesmo período de 2020, quando atingiu R$ 4,1 bilhões. Já o lucro líquido no acumulado de 2021 é de R$ 4,6 bilhões. Aumento de 67% em relação ao mesmo período do ano passado (R$ 2,7 bilhões).
Segundo Adriano Rudek Moura, diretor financeiro da Copel, que detalhou os números positivos da Copel, a política de maximização dos lucros gerou resultado de R$ 7,4 bilhões até setembro. “Provavelmente teremos a maior base histórica para o pagamento de dividendos da companhia”, direciona o objetivo. Ele ainda comemorou o crescimento de 30% da Copel Distribuição.
Por outro lado, o lucro ajustado atingiu a marca de R$ 1,28 bilhão. O valor representa aumento na arrecadação de 3,8% e tem, entre seus fatores, “ o reajuste implementado após o 5º ciclo de revisão tarifária da Copel Distribuição e o aumento na remuneração sobre ativos de transmissão em decorrência da inflação”. Com o lucro extraordinário, a empresa distribuirá R$ 1,43 bilhão aos acionistas a serem pagos em 30 de novembro, sendo 1,19 bilhão em dividendos e R$ 239,6 milhões em e Juros sobre o Capital Próprio.
Os resultados foram comemorados pelo presidente durante a conferência. “Isso nos deixa muito felizes com esse resultado. São efeitos da privatização da Copel Telecom e o efeito do Programa de Demissão Incentivada que gerou uma economia de 151 milhões ao ano. Nós tínhamos como meta não ter aumento líquido dos colaboradores”, confessa o Daniel Pimentel, que aponta como futuro da empresa mais tecnologia e menos funcionários.
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Demitir para lucrar
A empresa demitiu 509 funcionários nesse programa e 592 no total nos últimos 12 meses, com redução de 4,9% do quadro de funcionários. “As indenizações de R$ 134 milhões serão reconhecidas ainda no exercício de 2021, embora passem a ocorrer em fevereiro de 2022”, comenta Rudek, diretor financeiro.
Para o presidente do Senge-PR, Leandro Grassmann, o negócio da Copel deixou de ser geração de energia e desenvolvimento de futuro para aumento de tarifas e distribuição de lucros. Ele considera que a atual gestão vive à parte da realidade dos paranaenses e do povo brasileiro.
“É sintomático que em um país com 14 milhões de desempregados e que manipulou a geração de empregos, o presidente da Copel do lucro de 7 bilhões comemore a demissão de quase 600 funcionários porque isso vai diminuir os custos e gerar uma economia de 150 milhões ao ano. É essa a contribuição de política social que a empresa tem a dar para os paranaenses?”, questiona Grassmann.
Negócio é privatizar a Compagas
A Copel ainda deve manter sua atuação direcionada para o aumento de arrecadação e distribuição de lucros para os acionistas. A empresa quer manter o “foco core bussiness” e na privatização da Compagas. “Não faremos negócios que darão baixo retorno para a companhia e para os nossos acionistas”, direciona o presidente.
Nesta linha, o Conselho de Administração da Companhia deliberou, em reunião realizada em 17 de setembro de 2021, pelo não exercício do direito de preferência na aquisição da totalidade das ações de emissão da Companhia Paranaense de Gás (“Compagas”) de titularidade da Petrobras Gás S.A. (“Gaspetro”), conforme previsto no Acordo de Acionistas da Compagas. A decisão da Companhia levou em consideração a valoração do ativo e o objetivo estratégico de manter o foco no seu core business de energia elétrica”, diz o relatório. A expectativa é vender a companhia em 180 dias.
Custos e Despesas Operacionais
Os custos e despesas operacionais aumentaram 31,4%, totalizando R$ 4.597,9 milhões, como consequência, principalmente, do crescimento de 125,5% nas despesas com “energia elétrica comprada para revenda”, devido, sobretudo, da necessidade de contratação de energia em decorrência da crise hídrica.
Apagão não está descartado
Os acionistas questionaram os executivos da Copel sobre a crise hídrica e o risco de apagão. O presidente da companhia, Daniel, deu um tom otimista falando do retorno das chuvas na região sudeste e do abastecimento das represas. Para ele, o país deve diminuir o uso das termelétricas e não corre risco de apagão para 2021. “Para esse ano essa hipótese está descartada e para o ano que vem as chances são mínimas”, opinou.