O Coletivo Sindical da Copel se reuniu com o Superintendente de Gente e Gestão, Cassio Vargas Pinto, para tratar da informação de que a empresa vai realizar um mutirão de prevenção DEC a partir do dia 12 de abril, deslocando centenas de empregados do interior para Curitiba e Região Metropolitana. A decisão foi duramente criticada, em especial pelo atual momento da pandemia no Paraná. As entidades avaliam que a medida vai expor os copelianos à contaminação. Os sindicatos solicitaram o adiamento deste mutirão imediatamente.
Atualmente, 10% dos funcionários da empresa já foram contaminados. A média é maior do que em todo país. “Os empregados da Copel estão mais sujeitos à contaminação do que a média da população.”, destacou Leandro Grassmann, presidente do Senge-PR. Ele lembrou que os sindicatos protocolaram um ofício no dia 17 de março solicitando que as viagens fossem canceladas (veja aqui). Solicitação que sequer foi respondida.
Os sindicatos alertam que falta sensibilidade da diretoria da Copel e do Governo do Paraná, maior acionista da empresa de energia. “Não é o momento para fazer isso. As pessoas estão morrendo em casa, os hospitais estão lotados. Não tem vaga. Se o empregado contaminar, pode morrer. Precisamos preservar a vida. Essa é a grande questão”, contesta Claudeir Fernandes, negando a necessidade do mutirão de prevenção DEC neste momento.
Sandro Ruhnke, presidente do Sindel, concorda: “Não há justificativa para fazer manutenção preventiva nesse momento. Nenhum circuito se deteriora do dia pra noite. É possível esperar. E, se esses circuitos já estão deteriorados, é sinal de que houve omissão da gestão e os empregados não deveriam ser penalizados”.
Protocolo pode ser ampliado
A informação do mutirão foi confirmada pela Copel. Segundo a empresa, este momento já deveria ter sido executado estes serviços “há tempos” e que o momento agora é propício devido à queda momentânea de casos de Covid.
De acordo com o preposto da empresa, o funcionário da Copel que se desloca não será exposto a regiões com quadro de contaminação maior do que ele encontra em sua cidade. A única diferença agora é a possibilidade de pernoitar. Para ele, a empresa tem buscado preservar a saúde dos copelianos. O preposto da empresa disse ainda que vai avaliar a possibilidade de adotar quarentena preventiva, mas que a proposta ainda não entrou no protocolo. Disse também que a empresa adota maior testagem e que os números de contaminados na empresa se devem a esse trabalho de medição mais frequente.
Por outro lado, diante da resistência dos gestores da Copel em entender que é necessário parar nesse momento, os sindicatos cobraram da empresa que ela apresente quais os protocolos serão adotados para minimizar as possibilidades de contágio. “Cobramos ainda que a Copel apresente a relação de todos os empregados que foram convocados, de onde virão, aonde serão alocados e quem os acompanhará durante a execução dos serviços.”, afirma Grassmann, que questiona a postura da empresa no atual estágio da pandemia: “Mais uma vez, apresentamos uma série de questionamentos que ficaram sem resposta ou para a ‘próxima reunião’. Discutir protocolos depois da ação tomada é inócuo. Mais uma vez, a Copel vai mandar seus empregados ao sacrifício e discutir as condições depois”, cobra.
Momento da Covid-19 é grave em todo estado
Ontem (8), dados divulgados pela Secretaria de Estado da Saúde em boletim informam que mais 4.777 casos de Covid-19 foram registrados e 374 mortes. Um recorde negativo. Os dados acumulados do monitoramento da doença mostram que o Paraná soma 868.567 casos confirmados e 18.375 óbitos desde o início da pandemia.
O boletim da SESA relata que há 2.536 pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19 internados. São 2.031 em leitos SUS (976 em UTI e 1.055 em enfermaria) e 505 em leitos da rede particular (298 em UTI e 207 em enfermaria). O Paraná tem 95% dos leitos de UTI ocupados.
Embora a quantidade de casos tenha realmente diminuído nesta semana em relação à semana passada, os números ainda são muito maiores do que durante o primeiro pico da pandemia, em julho de 2020. Atualmente falecem em média 98 pessoas por dia. Em julho de 2020, no maior, pico, foram 61 vítimas.
Medidas judiciais e responsabilização da Copel
A intransigência da empresa deve levar os sindicatos a buscarem outras alternativas que garantam o direito à vida dos copelianos. “Infelizmente, a falta de flexibilidade dos gestores não deixa outra saída aos sindicatos. Deixamos claro que não concordamos com este mutirão e nenhuma outra atividade que possa expor os empregados ao risco de contágio. E, justamente por entender que os gestores da Copel estão brincando com a saúde dos Copelianos e da população, tomaremos todas as medidas necessárias para que a Copel e seus gestores sejam responsabilizados pelas suas decisões”, destacaram os dirigentes durante reunião.