Manoel Ramires/Senge-PR
Os profissionais de engenharia rejeitaram em peso a segunda proposta da empresa para o acordo coletivo de trabalho. O resultado saiu no dia 22 de março após um dia inteiro de votação virtual. A recusa se deu, principalmente, por considerar que a empresa discrimina a categoria na proposta relativa às cláusulas financeiras. A Sanepar criou duas faixas com ganho real, deixando de fora a engenharia. O “não” também se deve ao fato de novamente a Comissão de Negociação não apresentar respostas para a pauta específica. Nesta assembleia, 241 pessoas votaram, 219 rejeitaram (90,9%) a proposta e 22 concordaram (9,19%).
VOTAÇÃO ACT SANEPAR | |
SIM | 22 |
NÃO | 219 |
BRANCOS NULO | 0 |
TOTAL VOTANTES | 241 |
TOTAL VOTOS POSSÍVEIS | 446 |
A rejeição à proposta é compartilhada por diversos profissionais da empresa que foram deixados de fora do ganho real. Em carta pública, entidades sindicais esclareceram que a proposta atribui reconhecimento diferenciado aos trabalhadores atribuindo faixas de aumento diferenciadas por faixas salariais, em que trabalhadores com remuneração acima de R$5,5 mil ficam fora de ganhos reais.
“A dúvida surge em sabermos se trabalhadores com ganho acima de R$5.500,00, não tem contribuído a contento dentro dos parâmetros pretendidos pela companhia, até aqui, caso eles existam, completamente desconhecidos por funcionários acima dessa faixa salarial, inclusive citamos cargos de liderança, que ainda que se mantenham em silêncio, há de se convir não podem estar de acordo com tal falta de reconhecimento”, se comenta.
No último dia 27 de fevereiro, em reunião exclusiva com a Comissão de Negociação da Sanepar, o Senge-PR reforçou a pauta coletiva e específica. No tópico financeiro, foi solicitado que o “aumento do salário seja de 6,97%, equiparando o aumento do salário mínimo nacional e do salário do estado, e que o valor seja distribuído de forma linear para toda a categoria”. Pedido ignorado na segunda proposta da empresa.
Ainda com relação a pauta específica, quase um mês depois, a empresa não respondeu a itens que são caros à engenharia como a gestão de contratos. A categoria reivindica que “os gestores e fiscais de contratos receberão remuneração percentual de 3% sobre o Código 100 por contrato devido ao risco de responsabilização por variáveis diversas”.
::. CONFIRA COM FOI A ASSEMBLEIA
Sanepar será notificada da decisão
Com a recusa da categoria, o Senge-PR encaminhará ofício à Sanepar solicitando explicações porque os trabalhadores não têm uma proposta com ganho real, respostas para a pauta específica e o agendamento de uma mesa de negociação.
FUNCIONÁRIOS NÃO SÃO BENEFICIADOS COM RENDIMENTOS
A fartura de lucro líquido não se traduz em aumento da folha de pagamento, de acordo com dados da Sanepar e do IBGE compilados pelo DIEESE Paraná. A receita líquida da Companhia saltou de R$ 1,5 bilhão em 2010 para R$ 5,7 bilhão em 2022. O aumento neste período é de 283,28%. Quando a lupa se restringe ao período da atual gestão do Governo do Estado, entre 2018 a 2022, o aumento de lucro é de 36,31%.
Do outro lado, estão os funcionários. Os gastos com a folha de pagamento saíram de R$ 447,0 milhões em 2010 para R$ 1,2 bilhão em 2022, sendo que em 2018 e 2021 o valor empenhado com funcionários chegou a cair em relação ao ano anterior, resultado de programas de desligamentos. No acumulado, a folha de pagamento cresceu 181,35% desde 2010. Já no período Ratinho, 21,23%. Isso representa uma redução de 11,07% do percentual da Receita Operacional Líquida com a Folha de Pagamentos, que caiu de 30,2% em 2010 para 22,2% em 2022.
Com a redução do quadro de funcionários em -11,72% no governo Ratinho, de 7.022 em 2018 para 6.199 trabalhadores em 2022, isso significa que os trabalhadores têm trabalhado mais, ganhando menos e visto o resultado do seu trabalho engordar os acionistas da Sanepar.