Foto: Nathalia Filipe 
Nasceu em Santos a primeira mulher da América Latina a alcançar o título Most Valuable Professional (MVP) – “Profissional Mais Valioso” em português – na ferramenta UiPath, de desenvolvimento de softwares para automação de processos robóticos, também conhecido pela sigla inglesa RPA (Robotic Process Automation) – tecnologia que vem revolucionando o mundo empresarial.
“É um prêmio que reconhece profissionais do mundo inteiro, em sua área de atuação, não somente pela expertise sobre a ferramenta, mas por estarem fazendo contribuições relevantes para a comunidade do RPA, no sentido de compartilhar conhecimento e criar conteúdo sobre a plataforma”, explicou a engenheira santista de Robotic Process Automation, Bruna Cavalcanti Bruno, 26 anos, detentora do título.
Quem via a garota pelos corredores e salas de aula da Unidade Municipal de Educação Edméa Ladevig (Gonzaga/Santos), nos anos 2000, já poderia imaginar seu futuro brilhante. Afinal, ela guarda até hoje a coleção de medalhas que conquistou durante o ensino fundamental na escola, atestando sua aplicação em diversas áreas desde a infância.
“Tive uma ótima educação em Santos, com muito apoio dos professores e dos colegas de sala, e sinto que isso fez toda diferença, porque tudo o que nos tornamos na vida adulta é fruto do que passamos na infância. Foram pequenos pontos de sucesso, como essas medalhas, que me trouxeram ao meu maior sucesso, hoje, que é ser MVP”, afirmou Bruna.
Desde pequena, a desenvolvedora cultivava o sonho de ser professora, mas as vantagens do mundo da tecnologia como a possibilidade de trabalhar remotamente de qualquer parte do planeta e os ótimos salários a levaram para a graduação em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (ADS) em um instituto federal da região.
“Eu vinha de escola pública e minha família não tinha dinheiro para pagar a faculdade, então sabia que precisaria passar em um Enem, por exemplo, para estudar o que eu queria de forma gratuita, e foi assim que consegui entrar na Federal”, explica Bruna. Ela ingressou na área logo após a conclusão do curso, e já soma três anos de experiência no segmento, tendo passado por quatro empresas.
Duas passagens bem sucedidas por hackathons (maratonas de programação) em 2021 e 2022, nas quais levou o terceiro e primeiro lugares, respectivamente, também prepararam a engenheira para alcançar a maior conquista até o momento: ser nomeada a um título concedido a pouco mais de 100 pessoas ao redor do mundo.
“Estou muito feliz e orgulhosa. Esse prêmio diz muito sobre a carreira que construí e sobre meu objetivo, que é fazer a diferença na área e trazer mais conhecimento, principalmente para as mulheres, porque sei que nessa área a gente se sente pouco representada. Então é muito importante que a gente mostre que é possível ocupar esses espaços”, afirmou a desenvolvedora.
Ansiedade e segredo
A preparação para disputar o título de MVP foi intensa. Bruna se inscreveu sabendo que se encaixava em apenas dois dos três pré-requisitos: tempo de experiência, por ter mais de dois anos de trabalho com UiPath, e contribuição com a comunidade, por dar aulas, palestras e compartilhar conteúdos sobre a ferramenta em português, já que quase não havia – tudo gratuitamente.
O inglês, no entanto, ainda deixava a desejar, e este era o último requisito para ingressar na competição. Porém, a vontade de alcançar o prêmio era tanta que a desenvolvedora encarou um mês de intercâmbio intensivo na Inglaterra para aprimorar a segunda língua e ir bem nas entrevistas do processo seletivo. “Estudava inglês o dia inteiro. Não deu nem tempo de aproveitar”, brinca a engenheira.
A cada passagem de etapa, a UiPath atualizava a desenvolvedora via e-mail, até o dia em que a tão esperada notícia chegou. “Foi uma euforia, eu só tremia. Fiquei sabendo que havia sido aprovada como MVP em janeiro, mas não podia contar para ninguém até eles divulgarem oficialmente, o que aconteceu só no mês passado”, conta a santista.
Após segurar a ansiedade de não poder compartilhar a novidade com as pessoas que mais gosta por meses, agora Bruna enfrentará mais um longo período de espera até levar o prêmio para casa, visto que a cerimônia da premiação americana será realizada somente em agosto, em Seattle, nos Estados Unidos – e ela já está com o passaporte e o visto em mãos.
“Esse prêmio dá um gás a mais para eu continuar e saber que posso fazer muito ainda. Sabemos que quando a gente estuda em escola pública, às vezes pensamos que não seremos capazes ou que as outras pessoas são melhores que a gente, então é muito importante quando algum de nós chega lá e mostra o contrário. Você traz essa sensação de que é possível”, explica.
Após trazer o troféu e o certificado para Santos, a engenheira, que já tem pós-graduação em Inteligência Artificial e Big Data, pretende se dedicar ainda mais a essas áreas, além de focar nas palestras que já ministra voluntariamente em diversas instituições da região, falando sobre tecnologia. Dar início a criação de conteúdo a respeito de RPA nas redes sociais, principalmente no Instagram (@bruckita) também é uma das metas.
RPA
Nicho de tecnologia ainda pouco conhecido no Brasil, o RPA foca no desenvolvimento de robôs virtuais ou bots que possam automatizar processos repetitivos, agilizando uma série de serviços desempenhados pelos profissionais dentro das empresas.
“Por exemplo, se toda semana você recebe por e-mail uma planilha com dados que você precisa cadastrar em determinado tipo de sistema, nós conseguimos programar esse robô para fazer isso por você e te poupar dessa repetição. Então ele entra no seu e-mail, pega os dados e cadastra no sistema, emulando o comportamento humano com mais eficiência e rapidez”, explica Bruna.
UiPath
A UiPath é uma empresa global fundada na Romênia, em 2005, com foco no desenvolvimento de softwares de RPA. Atualmente, a plataforma é a maior referência no segmento, sendo utilizada por milhares de desenvolvedores e engenheiros para o desenvolvimento de robôs virtuais para diversas companhias ao redor do mundo.
Fonte: Prefeitura de Santos
