ALERTA NEGOCIAÇÕES – ANO DE PANDEMIA E NEGOCIAÇÕES RUINS. O ano de 2020 não foi de ganhos para a classe trabalhadora brasileira. Além dos cortes salariais e suspensões de contrato por conta da pandemia, os reajustes salariais não ultrapassaram a inflação de ficou em 4,52%. 34,3% dos acordos pelo menos repuseram a inflação, 27,2% foram abaixo e apenas 38,5% trouxe ganhos reais. No entanto, a variação real média geral dos reajustes foi de -0,11%. A indústria e a região Sul do país registraram os melhores números. Serviços e região Centro Oeste as maiores perdas.
PAUTAS POR DIREITOS -Os dados integram o “Boletim De Olho nas Negociações” do DIEESE e revelam que as negociações sindicais garantiram alguns ganhos em data-bases. A análise já havia mostrado que as propostas patronais no ano passado atacavam direitos e a renda dos trabalhadores e que as campanhas promovidas por sindicatos foram defensivas.
INDÚSTRIA SE MANTEVE – Ao analisar os resultado das negociações com base em dados do Ministério da Economia, a manutenção da Indústria como atividade essencial também influenciou no fato de ela ter a maior incidência de reajustes acima do INPC-IBGE. 44,2% foram acima da inflação. Já o comércio, impacto pelas medidas de isolamento social, só promoveu 30,9% dos acordos acima da inflação.
MELHORES NEGOCIAÇÕES – No sul, onde a pandemia sofreu menos efeitos, os acordos foram 45% acima da inflação, 40,8% pelo menos garantiram a inflação e apenas 14% das negociações registraram perdas.
MÊS A MÊS – Por outro lado, os ganhos e perdas são muito relativos ao mês negociado. Os acordos realizados em janeiro de 2020 se depararam com uma inflação de 4,48% no acumulado dos últimos 12 meses. Após isso, com a pandemia e a retração econômica, a variação foi caindo.
Os acordos que tiveram como data-base junho de 2020 se depararam com inflação acumulada de 2,05%. Foi em abril, maio e junho onde a pressão inflacionária foi menor. Nestes meses, por exemplo, têm negociações de ACT no CREA-PR, Compagas, Fugro, Engefoto, Tecpar, Cohapar, Codapar, Simepar e Cohab. O pior mês para negociar foi novembro e dezembro, com índices acima de 4,77%.
SALÁRIO MÍNIMO PROFISSIONAL – As empresas que não possuem convenção e aplicam o Salário Mínimo Profissional para jornadas de 6 ou 8 horas devem promover o reajuste em janeiro com base no reajuste do salário mínimo, conforme lei federal 4950-A/66, de 22 de abril de 1966.
CONGELAMENTO – Embora abril, maio e junho tenham registrado inflação acumulada abaixo de 2,5%, foram nestes meses também em que mais aconteceram congelamento de salários.O total de reajustes iguais a zero foi em 2020 foi de 1.036. Em 2019, o congelamento só foi detectado em 39 acordos.