A engenharia também é para todas. Basta querer!

FALA ENGENHEIRA com Elizandra Gonçalves Taques Sartori, Coordenadora Adjunta do Comitê de Mulheres do CREA-PR

"Depende de cada mulher, eu tenho as minhas, e cada mulher tem as suas barreiras basta olhar no seu dia a dia".
Comunicação
08.MAR.2022

Minoria na engenharia, sim, mas por enquanto. Essa é a visão da engenheira Elizandra Gonçalves Taques Sartori, Coordenadora Adjunta do Comitê de Mulheres do CREA-PR. Ela assumiu a tarefa neste ano com a indicação do Coletivo de Mulheres do Senge-PR. A  engenheira da Computação e Engenharia de Segurança do Trabalho, atuando como Perita Judicial, acredita que muitas barreiras precisam ser derrubadas. “Todas as nossas conquistas vieram por esforços muito maiores do que deveria ser necessário, sendo por questão de gênero e não por experiência profissional e conhecimento técnico”, avalia.

Nessa entrevista especial para o 8 de março, Elizandra conta sobre sua expectativa no  Comitê de Mulheres, a batalha para aumentar a representatividade feminina na engenharia e no parlamento.  Quero “não apenas debater, mas identificar, elaborar e apoiar iniciativas e políticas que ampliem a ação e valorização das Profissionais Engenheiras bem como do comitê”. Confira!

SENGE-PR: Por que você se interessou por participar do Comitê de Mulheres do CREA-PR e sua eleição é representando alguma entidade?

ELISANDRA: Inicialmente, foi sugerido eu participar tanto pelo convite da Diretoria do Senge-PR, que atua fortemente ligado à valorização profissional das engenheiras no sistema e na qual faço parte, como de Conselheiras de outras entidades de classe que em 2017 estavam na implementação do Comitê Mulheres por uma iniciativa do presidente do Sistema da época. As pautas estando ligadas à promoção da igualdade ajudam a mostrar que realmente não há diferença por meio do nosso trabalho por questão de gênero, valorização e respeito das profissionais da área. Foi o que me fez encarar a missão.

No final de 2020, surgiu um convite das participantes para que, junto com a Coordenadora Karlize, eu integrasse o núcleo central do comitê como Coordenadora Adjunta, a qual eu aceitei de forma muito honrosa. Atualmente sou Conselheira da Câmara da Elétrica, representando o Sindicato dos Engenheiros do Paraná – Senge – PR.

SENGE-PR: É a primeira vez que você participa de algum mecanismo de promoção das mulheres e qual é a sua expectativa? 

ELISANDRA: Em questão de Senge-PR e na amplitude que o CREA promove, sim. Participo desde a inauguração do Comitê, inicialmente como Conselheira Suplente (também pelo Senge) e posteriormente como Conselheira Titular, tendo a possibilidade de no ano de 2021 e 2022 atuar como Coordenadora Adjunta do Comitê.

Acredito que, como Coordenadora Adjunta, tive uma maior oportunidade tanto de crescimento quanto de conhecimento dos objetivos do Comitê Mulheres, direcionamento e atuação. Nossa Coordenadora, Karlize, é bem ativa em questões de pautas e atividades do comitê. Temos trabalhos que estão em andamento e serão lançados ao longo de todo o ano de 2022.

Assim, a expectativa é que teremos cada vez mais apoio, respeito e valorização das profissionais e, consequentemente, maior representatividade. É uma luta constante, e precisamos cada vez mais da participação de todos os profissionais do sistema (homens e mulheres), mas estamos no caminho certo.  

SENGE-PR: O que você espera debater no Comitê de Mulheres? 

ELISANDRA: Não apenas debater, mas identificar, elaborar e apoiar iniciativas e políticas que ampliem a ação e valorização das Profissionais Engenheiras bem como do comitê.

SENGE-PR: Qual é a sua profissão e nela encontra muitas barreiras por ser mulher?

ELISANDRA: Sou formada em Engenharia da Computação e Engenharia de Segurança do Trabalho, atuando como Perita Judicial. Existem sim algumas barreiras que normalmente não são vistas. Sendo a sociedade inicialmente e atualmente patriarcal, a mulher ficou por muito tempo sem trabalho (historicamente) e nunca houve um equilíbrio histórico que colocasse a mulher de igual ao homem.

Todas as nossas conquistas vieram por esforços muito maiores do que deveria ser necessário, sendo por questão de gênero e não por experiência profissional e conhecimento técnico. Esse esforço a mais pode ser colocado como barreiras que toda mulher sofre ao longo de sua vida, acarretando um desgaste mental, emocional e/ou físico.

As barreiras ocorrem de formas diferentes, desde a desvalorização da experiência por gênero, questão de apoio familiar, vagas de emprego exclusivas, roupas que definem o comportamento, entre tantas outras. Depende de cada mulher, eu tenho as minhas, e cada mulher tem as suas barreiras. Basta olhar no seu dia a dia.

Elizandra em visita à sede do Senge-PR. Foto: Arquivo Pessoal

SENGE-PR: Mulheres representam apenas 19% da classe da engenharia. No Paraná, apenas 18,5%. Por outro lado, muitas iniciativas como o Coletivo de Mulheres do Senge, da Fisenge e da CONFEA buscam dar maior visibilidade à pauta feminina. Você acredita que isso possa aumentar a quantidade de engenheiras nos próximos anos?

ELISANDRA: As mulheres têm demonstrado cada vez mais que “o lugar delas é onde elas quiserem” (corrigindo um ditado). Então o aumento das mulheres na engenharia já é esperado para o futuro, isso é evolução, é resultado também de uma luta constante.

Cada vez mais precisamos de profissionais capacitados e qualificados, sendo que com ofertas dos mais vastos cursos da Engenharia, Agronomia e Geociências, consequentemente gera uma busca e formação de novos profissionais. Assim, é claro que se houver uma melhor recepção, uma forma de evidenciar o trabalho profissional e incentivar ainda mais o crescimento das profissionais Engenheiras, iremos contar com maior procura.

As mulheres não só do Comitê, mas também por meio das suas entidades de classe, e aqui deixo registrado o apoio do SENGE que é bem forte nessa questão, estão lutando para que as mulheres tenham a visão e o apoio de seguirem a formação que quiserem. Então: Sim, eu acredito que isso vai aumentar a quantidade de mulheres na engenharia futuramente.

SENGE-PR: Neste ano há eleições nacionais. Elas estabelecem cota mínima de 30% de candidaturas femininas e de exposição. É pouco, suficiente, e deveria existir cota nas urnas, dentro dos parlamentos? 

ELISANDRA: Para responder melhor, precisamos entender que as cotas servem para que um mínimo de pessoas possa participar de algo, tendo acesso às mesmas condições da maioria. 

O ideal é não precisar de cotas, mas para não precisarmos delas é necessário que o número real de indivíduos que elas simbolizam esteja em conformidade com o número real de participantes. Nossa meta é então que esses 30% em cota seja maior e de fato muito próximo se não exatamente (o que seria a perfeição teórica) a realidade de igualdade que buscamos. Sempre será pouco se não for representativo. 

Atualmente deve-se existir cota para nunca ser excludentes com algum tipo de indivíduo, seja nos parlamentos ou em qualquer tipo e estilo de sociedade. Um dos objetivos enquanto representante do Senge é fomentar o aumento da representatividade das Mulheres no Sistema que envolve o CONFEA/CREA, diminuindo a diferença que existe atualmente tanto devido ao desconhecimento, quanto a falta de oportunidade. 

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