Por André Munhoz, estudante de Engenharia Elétrica da UFPR e coordenador do Senge Jovem PR
Há poucas coisas tão desestimulantes quanto reprovar em uma disciplina na faculdade. Ainda mais quando isso ocorre pela primeira vez. Lembro como se fosse ontem a minha primeira DP, e olha, até hoje continuo remoendo dentro da minha cabeça qual foi o real motivo da minha reprovação. Seria incompetência minha? Teria o professor pegado pesado? Costuma ser uma disciplina de taxa de reprovação alta?
Mas para além de tudo isso, o que mais é desestimulante dentro do ambiente universitário, é a relação professor-aluno. Ou melhor, a relação entre as estruturas da Universidade ou mesmo da Faculdade (tais como coordenação de curso, comissão de estágio, comissão de TCC). Muitos professores, não todos, colocam-se acima dos estudantes nessa relação, sendo arbitrários, numa relação extremamente antidemocrática. Aí nos perguntamos, existe solução para isso? Há saída? Poderiam os estudantes bater de frente com essas estruturas?
Sim. Não é lá uma forma mágica, é complicada, mas resolve. E se chama Movimento Estudantil. Essa luta dos estudantes, que é travada no dia-a-dia, seja na luta pela permanência estudantil, contra os jubilamentos, ou mesmo pelos RUs de qualidade, é um dos movimentos sociais mais expressivos e importantes, inclusive historicamente, no Brasil. Um exemplo bem claro disso, foi o papel das Uniões Estaduais de Estudantes e da União Nacional dos Estudantes na luta contra a ditadura militar que se inicia em 64, ou mesmo na campanha “O Petróleo é nosso” que criou as bases políticas e sociais para a fundação da Petrobras.
Para se ter noção, foram os estudantes que ajudaram a reerguer a oposição ao regime de Costa e Silva em 1968, por meio dos protestos de rua organizados após a morte do secundarista Edson Luís, no restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro. Ainda, anos mais tarde, depois de um endurecimento do regime, mais e mais estudantes foram mortos e torturados, defendendo a democracia que havia sido retirada das mãos dos brasileiros.
Agora nos perguntamos, estaríamos longe desse patamar? Teria o Movimento Estudantil se tornado apenas peça de museu, instrumento de luta já obsoleto, que olhamos com saudosismo? Não. Não podemos nos considerar antiquados. Se criticar, duvidar e lutar por aquilo que consideramos justo e democrático é coisa do passado, então que revivamos nossa história de luta! Digo a vocês, a educação é ferramenta essencial na batalha pela emancipação dos povos.
E mais, construir CAs, DAs e DCEs se tornou obrigação daqueles que querem um país popular e com maior justiça social. Estudantada, vamos lutar pela permanência estudantil, pelas cotas, contra o jubilamento, pelos espaços físicos dos CAs, pois é de passo em passo que alcançamos a vitória.
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:: Confira as colunas anteriores:
Março | Mulher, dê vida à sua voz! – Por Tayná Silva, do Senge Jovem de Londrina
Fevereiro | Engenharia, política e a geração mimimi – por Luiz Calhau, Engenheiro Civil, diretor do Senge-PR, integrante da coordenação do Senge Jovem e mestrando em Planejamento Urbano pela UFPR
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