Foi por maioria mas não foi unânime a decisão de dobrar o montante de distribuição dos lucros da Copel para os acionistas. Isto é o que revela a ata completa da reunião da última sexta-feira (28). Nela, alguns sócios até alertaram para o risco da decisão à saúde financeira da estatal.
Na reunião, em primeiro lugar foi derrubada a proposta da direção, de distribuição de R$ 280 milhões, cerca de 25% do lucro da estatal. Depois, o “controlador”, que é o governo estadual, apresentou proposta de distribuição de R$ 506 milhões, ou seja, 50% do lucro. Fernanda Scolari Vieira, representando acionistas com 1,2 milhão de votos na assembleia, registrou no documento da assembleia dos acionistas moção de protesto à proposta do governo.
Outros dois acionistas que também manifestaram recusa à manobra do estado alegaram que ela pode representar prejuízos futuros. Os sócios Jorge Michel Lepeltier e Marlos Gaio declinaram da proposta do governo “pelas razões expostas na proposta da Administração da Companhia, uma vez que a exposição a risco seria muito alta em razão dos covenants assumidos pela Copel e que a proposta originalmente apresentada fora aprovada por unanimidade pela Diretoria Executiva, pelo Conselho de Administração e com parecer do Conselho Fiscal e, sobre as Demonstrações Financeiras, com parecer da Auditoria Independente”.
Os mesmos acionistas propuseram ainda que houvesse uma análise mais criteriosa sobre o impacto da proposta do governo para a Copel, sugerindo que “a matéria voltasse para análise da Administração, para identificar a origem de recursos e eventuais consequências, e posterior deliberação em nova Assembleia Geral Extraordinária para apreciar a nova proposta”.
Outro ponto da ata de destaque é o resultado da votação que aprovou a proposta da Copel. Foram 85.028.598 milhões de votos contra 39.852.964 milhões. O número que aprovou o aumento do valor de distribuição dos dividendos é o mesmo que recusou a proposta da empresa. O total é também similar ao quadro de ações do governo, de 85 milhões de ações ordinárias, que são as que dão direito ao voto na assembleia, ou seja, 58% de um total de 145 milhões de ações.