A engenharia como produtora de riqueza. Este foi o mote da palestra do contra-almirante e engenheiro naval, Alan Paes Leme Arthour, durante o I seminário “Contra a crise, pelo emprego e pela inclusão” do Simpósio SOS Brasil Soberano, na manhã do dia 31\3, no Rio de Janeiro. Ele iniciou sua explanação sobre a cadeia produtiva de bens permanente e de consumo. “A engenharia permeia toda a economia e sua cadeia produtiva. O Brasil gera bens e não temos indústria forte. Nós hospedamos indústria”, criticou. Os bens permanentes integram infraestrutura, metais, imóveis, terras, por exemplo. Já os bens de consumo abrangem a alimentação, ferramentas domésticas e serviços.
Uma questão uníssona entre os palestrantes e enfatizada pelo engenheiro foi a defesa da política de conteúdo local. “A nossa política de conteúdo local precisa estar ligada à ciência e à produção tecnológica. Podemos melhorar a infraestrutura e usar a tendência de cluster em cada região, valorização da engenharia e centros de pesquisa”, disse. Cluster é uma estratégia industrial de interligar linhas de produção com tecnologia da informação, logística, pesquisa, ciência e tecnologia, seguindo uma lógica de cooperação regional. O engenheiro defende um plano de industrialização dividido regionalmente, como o modelo da Embrapa com escritórios em diversos locais.
Atualmente, o governo federal anunciou a redução drástica de participação de empresas nacionais na política de conteúdo local. A média de participação era de 60 a 70% de participação nacional. Com a redução, o percentual poderá cair pela metade, o que impactará diretamente na geração de renda e emprego, na capacidade produtiva, no parque industrial e naval brasileiro, na engenharia nacional e na soberania. Os percentuais mínimos de conteúdo local serão de 25% para a construção de poços e 18% para atividades de exploração. A Petrobras será uma das mais impactadas, pois é uma empresa estatal que assumiu inúmeros contratos no setor de petróleo e também contribui efetividade para a formulação tecnológica na exploração de pré-sal em águas profundas.
“Não existe conteúdo local sem tecnologia nacional. Temos que ter a nossa própria indústria. Hoje, somos pouco exportadores, apenas de produtos agrícolas. O Brasil importa mais (máquinas e produtos químicos) e a nossa indústria é muito pequena. É estratégico associar o investimento em pesquisa para o fortalecimento dos nossos parques industriais, valorizando a engenharia e a inovação tecnológica. Precisamos conduzir nossos pesquisadores para as necessidades das quais a nossa indústria e o nosso país necessitam”, destacou Alan.
Por Por Camila Marins, da Fisenge
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