Uma formação voltada exclusivamente para mulheres, assessorada por mulheres, com temas referentes à realidade das mulheres. Essa é a marca do curso Promotoras Legais Populares (PLPs) de Curitiba e Região Metropolitana, que chega à sexta edição com o saldo de 300 participantes ao longo de cinco anos. A nova turma tem 60 vagas e as inscrições estão abertas até o dia 2 de abril.
Registro da formatura da 5ª turma das PLPs (Foto: Joka Madruga)
Nos mais de 20 encontros que serão realizados toda segunda-feira, entre abril e outubro, o foco será a formação sobre os direitos das mulheres e o feminismo. Os eixos que compõem o cronograma do curso passam por aspectos históricos, sociais, jurídicos e culturais, além de temas como saúde, sexualidade e combate à violência. “É um projeto que traz no seu bojo traços dos ideais de justiça, democracia e dignidade, a defesa dos direitos humanos e a construção de relações igualitárias e justas”, diz a carta de apresentação da experiência, disponível no site do curso.
O público prioritário são mulheres que já participam de sindicatos, organizações populares e movimentos sociais. Assim como nos anos anteriores, o curso ocorrerá no Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná, na Praça Santos Andrade, Centro de Curitiba. As organizadoras da experiência são, em sua maioria, estudantes de graduação e mestrado do curso de Direito da UFPR, integrantes de movimentos feministas, de entidades e sindicatos.
Engenheiras nas PLPs
A primeira turma das PLPs em Curitiba, em 2012, teve participação de duas engenheiras diretoras do Senge: Sandra Cristina Lins dos Santos e Mary Stela Bischof, ambas integrantes do Coletivo de Mulheres do sindicato. Para Sandra, que é agrônoma e trabalha na Secretaria de Planejamento e Coordenação do Geral do Paraná, o curso é um espaço de aprendizado e vivência, em que se aprofunda o conhecimento sobre a desigualdade entre homens e mulheres.
Sandra Cristina Lins dos Santos, agrônoma e diretora do Senge, participou da primeira turma das PLPs, em 2012.
“Muitas vezes as próprias mulheres acham que a desigualdade que vivem é resultado de suas próprias escolhas, ou que elas têm culpa por sofrerem opressão e violência. No curso, com conteúdos históricos e sociológicos, a gente percebe que não é bem uma escolha, e sim a forma como se dividem os papéis na sociedade”, explica.
A agrônoma relembra a experiência vivida há cinco anos como um período de aprendizado sobre sua própria condição de mulher. Conviver semanalmente, por cerca de seis meses, com mulheres vindas de realidades ajudou na compreensão de que os problemas não são individuais, ou exclusivos a uma classe social. Enfermeiras, catadoras de materiais recicláveis, engenheiras, donas de casa, professora, estudantes. Por serem mulheres, as dezenas de participantes do curso relataram situações parecidas.
Por outro lado, Sandra pondera que outros fatores contribuem para que algumas mulheres sofram mais, quando, para além do machismo, são vítimas de racismo e homofobia, por exemplo. “Com tudo o que passamos a compreender sobre a condição da mulher na sociedade, uma coisa é possível ver claramente: para ter alguma conquista é preciso agir em conjunto, o que reforça a necessidade de existirem os sindicatos e movimentos sociais, e de estarmos presentes neles”.
Primeira turma das PLPs em Curitiba.
Reflexo do que ocorre em todas as esfera da sociedade, o campo profissional da engenharia apresenta profundas disparidades entre homens e mulheres. Sandra ressalta o fato de haver várias modalidades em que as mulheres são 50% ou mais nos cursos de graduação, mas quando chega no mercado de trabalho ocorre o “efeito funil” e os homens continuam sendo maioria. “Quando se fala em cargos de gerência somos a minoria da minoria”, lamenta.
Ação das mulheres latino americanas
A experiência das Promotoras Legais Populares começa pela iniciativa da entidade Flora Tristan, do Peru, se espalhando pelo Chile e Argentina. A chegada ao Brasil ocorre a partir de 1992, quando o Comitê Latino Americano e Caribenho em Defesa dos Direitos das Mulheres (Cladem) realizou seminários em que se discutiu a implementação do curso no país. A primeira turma brasileira aconteceu no Rio Grande do Sul, viabilizada pelo Grupo Themis.
“…Vocês, na qualidade de Promotoras Legais Populares, poderão sentir melhor a profundidade da violação dos direitos da mulher no cotidiano (…) E, agora, vocês entram em ação: não apenas para denunciar uma arbitrariedade cometida mas, também, para conscientizar as mulheres sobre as leis que as beneficiam e encontrar caminhos para defesa de seus direitos”. Essa declaração é de Zuleika Alambert, paraninfa do 1º. Curso realizado em São Paulo, em 1994. Há registros de que o curso tenha se desenvolvido também no Rio de Janeiro e em Pernambuco. Pela iniciativa de formadas das turmas de São Paula, a experiência chega ao Paraná em 2012, inicialmente em Curitiba, em seguida em Londrina e na Lapa. Os cursos ocorrem de maneira descentralizada, sem articulação do dependência entre as experiências.
>> Para saber mais sobre o projeto acesse o Facebook ou o site.
>> Informações gerais
Datas: Todas as segundas, a partir do dia 24 de abril de 2017
Horário: 18h30min – 21h
Local: Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná, na Praça Santos Andrade.
>> Como se inscrever
Entregar a ficha de inscrição (incluir link) preenchida para uma das coordenadoras do projeto ou enviá-la para o e-mail plpscuritiba@gmail.com. Para engenheiras sindicalizadas no Senge, também é possível entregar a ficha preenchida na secretaria do sindicato. As inscrições vão até dia 2 de abril de 2017 e entraremos em contato com as mulheres selecionadas até dia 17 de abril.
>> Datas importantes
Encerramento das inscrições: 2 de abril de 2017 Mulheres que foram selecionadas serão avisadas entre o dia 3 de abril e 17 de abril. Início do curso: 24 de abril de 2017 Férias: não haverá curso nos dias 10/07, 17/07, 24/07 Fim do curso: 23 de outubro de 2017 Para dúvidas e mais informações: entrar em contato com plpscuritiba@gmail.com ou por telefone com Bela (41 99708-7087 VIVO) ou Marcieleh (41 99948 0757 TIM)
>> Cronograma do curso*
Mulher, História e Ideologia
24/04 – Apresentação do curso
08/05 – Educação Popular Feminista
15/05 – A Construção dos papéis sociais da mulher e do homem na sociedade
22/05 – O sistema capitalista e a divisão sexual do trabalho
29/05 – A história do movimento feminista no Brasil e na América Latina
05/06 – Mulher, mídia e representação cultural
Para entender a sociedade
12/06 – Relações Raciais
19/06 – A Mulher Negra
26/06 – Políticas para mulheres e mulheres na política
03/07 – Laicidade do Estado e Religião
Não haverá curso nos dias 10/07, 17/07, 24/07
Para entender o Direito
31/07 – Os direitos da Mulher Trabalhadora
07/08 – Direito à Cidade: a mulher e o espaço urbano
14/08 – Direito à alimentação adequada e soberania alimentar: as mulheres e a agroecologia
21/08 – Direito das Famílias
28/08 – Direito de envelhecer da mulher
04/09 – Mulher, criminalização e resistência
Para combater a violência contra a mulher
11/09 – Pra entender a violência contra a Mulher
18/09 – Violência contra a mulher: o que fazer?
Saúde e sexualidade
25/09 – Saúde da Mulher
02/10 – Sexualidade e reapropriação do corpo pela mulher
09/10 – Direitos reprodutivos e autonomia sobre o próprio corpo
16/10 – Diversidade sexual
Encerramento: 23/10 – Avaliação do curso
*Alguns temas podem sofrer mudanças, mas as datas continuarão as mesmas.