Negociações com a Copel: Proposta Irrisória e Armadilhas que Comprometem Direitos

Parecer do Presidente do Senge-PR sobre a situação das negociações

Comunicação
24.OUT.2024

Por Leandro Grassmann

“Era melhor ver o filme do Pelé”

O reinício das negociações do ACT com a Copel não foi reinício algum. Reunidos em Curitiba na manhã de quarta, os sindicatos aguardavam avanços na proposta irrisória da semana passada. No entanto, a empresa trouxe poucas adições e manteve a retirada de direitos da categoria.

A proposta final da empresa foi apresentada, mas os representantes insistem que as mudanças pontuais constituiriam uma boa proposta. Na prática, o que foi apresentado é um aceno de sobrevida aos direitos conquistados historicamente, permanecendo a intenção de dizimá-los no futuro próximo.

Ontem, os sindicatos informaram à base que apresentaríamos um estudo mostrando as razões pelas quais a nova proposta da Copel não atende aos anseios das trabalhadoras e trabalhadores. Mais do que isso, acaba por resultar em perdas de direitos históricos e em prejuízo financeiro aos funcionários da empresa.

Para seguir com todo o processo dentro dos trâmites legais e também garantir a livre expressão da vontade da categoria, que é quem detém o poder de decisão, os sindicatos farão uma assembleia unificada – na modalidade on-line – no próximo dia 30/10. Isso é importante para que os prazos necessários para as publicações de editais, os encaminhamentos judiciais ou até paralisações sejam respeitados e cumpridos.

Conheça agora o que foi trazido pela empresa à negociação e onde se encontram as armadilhas da proposta:

Foram colocadas entre as cláusulas mantidas da última negociação a garantia dos PDVs subsequentes, a manutenção do quadro funcional e a manutenção do patrocínio à Fundação Copel. Historicamente, tais cláusulas sempre foram renovadas a cada ACT; sua permanência não constitui um avanço, mas a manutenção de conquistas anteriores e um recuo da empresa na tentativa de atacar direitos básicos. A cláusula que trata da dispensa de empregados por justa causa foi excluída do acordo, sendo necessário renegociar os procedimentos deste processo. Reajuste do Auxílio-Creche pelo INPC (4,09%).

Ainda que possa ser vista como um avanço, pois antes não havia previsão de reajuste, esta proposta embute uma perda real à classe, dentro do seguinte cálculo:

  • O Auxílio-Creche: está congelado desde out/2016, ou seja, sem reajuste nenhum neste período, o que criou uma defasagem de 40,23% (o índice de reajuste dos salários da empresa no período de 2017 a 2023). Os sindicatos pedem a recomposição do valor do auxílio, zerando perdas inflacionárias, no mesmo índice de reajuste salarial aplicado. Somando-se a isso o INPC do ano, o aumento total deveria ser de 45,94%, levando o auxílio ao valor de R$ 656,75.
    Banco de horas: a obrigatoriedade da adesão de todas e todos os elegíveis somente valeria a partir de janeiro de 2025. As categorias não elegíveis são trabalhadores de call center, trabalhadores em escala de revezamento e aqueles/as que reduziram sua jornada para 6h/dia. A empresa quer deixar os eletricistas fora do banco de horas.
    • Licenças: As cláusulas sobre licença e atendimento aos dependentes, que seriam reduzidas para dois dias, no primeiro caso, e para a compensação via banco de horas no segundo caso, somente valeriam para os futuros empregados da Copel, mantendo-se como estão hoje para os atuais trabalhadores da empresa. Ora, os sindicatos consideram que o trabalho sindical não é apenas para quem já está na empresa ou para quem é filiado. NÓS DEFENDEMOS A CATEGORIA INTEIRA DE TRABALHADORAS E TRABALHADORES. Criar esta separação apenas serve para fragilizar a unidade do proletariado e para a criação de castas, configurando-se em prática anti-sindical.
    • 13º salário: A empresa propõe aplicar a mudança na antecipação do 13º salário (em vez de as copelianas e os copelianos receberem a primeira parte em janeiro, como atualmente, receberiam em novembro, como em outras empresas) somente a partir de 2026. De novo: DIREITO ADQUIRIDO E NEGOCIADO NÃO SE DISCUTE.
    INPC: Nas cláusulas financeiras, a empresa recuou e somente quer deixar de fora do reajuste do INPC nos salários os gerentes dos níveis 6 e 7, o que atingiria cerca de 170 copelianos. Novamente: os sindicatos trabalham na defesa de TODAS E TODOS, não sendo concebível tratamento diferente entre a categoria, independentemente da função. Se no passado agimos contra o que víamos como favorecimento, em propostas que distribuiriam a PLR de forma diferenciada e criariam castas, a mesma lógica se mantém agora: NINGUÉM fora do reajuste.
    • Benefício alimentação: A empresa sinaliza com a manutenção dos vales-alimentação e vale-lanche dentro do PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador, o que é bom, mas SEM REAJUSTE. Veja o cálculo de quanto cada copeliana ou copeliano perde com a ausência de correção:
  • Perda mensal: R$ 97,12 + R$ 10,38 = R$ 107,50
  • Perda em 12 meses: R$ 1.165,41 + R$ 124,56 = R$ 1.289,97

Aí estão as principais questões que a proposta levanta. Analise os dados e tome sua decisão. Na próxima semana, serão enviados o edital, a minuta completa da proposta e o link para votação.

Faça sua voz ser ouvida e lute contra o retrocesso!!!

Voltar a Notícias