Como federação que representa Engenheiras e Engenheiros de todo o país, a Fisenge permanentemente volta suas ações para fazer da Engenharia, historicamente ‘masculina’, uma área aberta e inclusiva também para as mulheres.
“Nos anos 90, a Engenharia sofreu um profundo golpe com as políticas neoliberais. A partir dos anos de 2002, houve um avanço na ampliação e procura do curso. Observamos um aumento de mulheres nos cursos de engenharia, bem como a inserção do debate de gênero nas universidades e no mercado de trabalho”, pontua Simone Baía, engenheira química e Diretora da Mulher da Fisenge.
Entre 2012 e 2015, segundo o Confea, o número de mulheres engenheiras aumentou 33,6% no Brasil, contabilizando mais de 123 mil profissionais de todas as subáreas. “Vemos mais mulheres ocuparam espaços de poder e conquistando direitos básicos, como banheiro feminino em canteiro de obras. A juventude está a cada dia mais empoderada”, comemora Simone.
Há, no entanto, muito a se fazer. No âmbito das políticas públicas, uma agenda conservadora no Congresso Nacional tem retrocedido, e muito, as discussões sobre os direitos básicos da mulher e da família.
O Projeto de Lei 5069/2013, por exemplo, em trâmite na Câmara dos Deputados, dificulta o atendimento médico de mulheres vítimas de estupro e criminaliza ainda mais as que optam pelo aborto. Outros projetos, como o Estatuto da Família, atingem a dignidade da população como um todo, ao querer legislar sobre o que pode ou não ser considerado uma “família”.
Para as engenheiras, a crise política e econômica atinge com desigualdade seus empregos e salários. “A atual crise política representa uma ameaça para as mulheres e para a engenharia”, afirma Simone Baía. “Isso porque, além de promover a destruição da tecnologia nacional e dos empregos, ainda afeta diretamente as mulheres engenheiras. Nós, que ainda ganhamos salários mais baixos mesmo ocupando as mesmas funções, somos as primeiras a serem demitidas e a terem os direitos retirados. O atual cenário é desfavorável e precisamos lutar em defesa da engenharia nacional e do povo brasileiro”, assegura a engenheira.
Participação na política. Igualdade de salários. Fim da dupla jornada, do racismo, machismo, feminicídio. Divisão das tarefas domésticas, com licença-parental e creches públicas. Respeito à identidade de gênero, ao corpo e ao pensamento. Muitos são os sonhos das mulheres que, dia após dia, lutam por um mundo verdadeiramente igualitário. Sonhos que, no horizonte, guiam toda a trajetória política de organização dos movimentos feministas.
E venceremos! Não sem suor, sem debate e sem mobilização. Nossas filhas, netas e bisnetas colherão os frutos de nossa luta, assim como somos, hoje, herdeiras das escravas sobreviventes, das sufragistas e das contestadoras de outrora.
Neste 8 de março, o Coletivo de Mulheres da Fisenge chama todas as mulheres para sonhar e construir uma nova realidade. Seja em casa, na escola, no trabalho, no sindicato ou em qualquer outro lugar em que estejamos. Não se calar diante dos abusos e da desigualdade é só o começo. Vamos juntas, sempre!