1 – Uma tragédia, se não pode ser totalmente evitada, pode sim ter seus impactos diminuídos. Ou melhor, prevenidos e combatidos. E essa é uma discussão que podemos fazer, principalmente como profissionais da engenharia, agronomia e geociências, enquanto priorizamos os cuidados, o socorro e toda assistência possível às vítimas. Essas pessoas que, antes de tudo, perderam familiares, casas, objetos pessoais e um pouco de esperança. A elas, em meio a destruição, o Senge-PR estende a mão e presta solidariedade.
2 – Neste momento de dor e comoção coletiva, é louvável acompanhar a dedicação dos voluntários para resgatar pessoas ilhadas, levar mantimentos, comida, água, roupa, suprir necessidades básicas. A gente tem observado que, se de um lado as chuvas destruíram vidas e levaram calamidade pública ao Rio Grande do Sul, do outro, o Brasil inteiro está abraçando o povo gaúcho. Muitas pessoas, empresas, organizações e o poder público não têm medido esforços para superar as adversidades.
3 – Como exemplo, o Governo Federal, agora, anunciou ajuda de R$ 50,9 bilhões para a reconstrução do estado. Outros estados têm levado e oferecido apoio de suas Defesas Civis, utilizado helicópteros, jet skis e outras embarcações. Empresas e pessoas têm transportado comida, água, roupas, colchões e muitos objetos. É toda uma rede que não distingue lado A, lado B, se é azul ou vermelho, pois o fundamental é cuidar das pessoas.
4 – Por outro lado, é necessário refletir nos momentos anteriores a essa tragédia. Ou seja, porque a prevenção não foi feita, muito embora anualmente os alertas são feitos por especialistas. De acordo com o Senge-RS, o fato de “cidades inteiras ficarem submersas ou serem varridas do mapa evidencia, primeiramente, sua localização inadequada. Aliado a isso, a falta de reforço de estruturas de defesa. E aí vem a reflexão sobre o que vale mais: planejar e manter de forma consciente o ambiente considerando as mudanças climáticas, o aquecimento global e seus impactos, ou lamentar mortes, gastar bilhões na reconstrução e, logo ali adiante ocorrer nova catástrofe?”.
5 – Nós, engenheiros, engenheiras, agrônomos e agrônomas, geocientistas, temos a certeza que a prevenção é o melhor caminho. E questionamos as autoridades, independente de instância, de sigla, a necessidade urgente de se tirar do papel as centenas, talvez milhares de projetos que tratam de urbanização segura, de mobilidade, de preservação ambiental, de reflorestamento e muitos outras iniciativas que têm, como fim, a melhoria das condições de vida das pessoas associado à integração com o meio ambiente. Não podemos mais aceitar que a flexibilização de leis, decretos e normas ambientais não sejam responsabilizadas por alagamentos, enchentes, deslizamentos e outros “desastres naturais” patrocinados por atitudes e omissões humanas.
6 – Precisamos aprender com essas lições e pôr em prática boas ações. Estarmos presentes nas discussões dos planos diretores municipais, sermos ouvidos na elaboração de leis que tratam de planejamento e desenvolvimento regional, apresentar e publicizar pareceres que alertam tanto para riscos quanto propõem melhoria das condições de vida.
7 – O Senge-PR, por meio de sua diretoria, mais uma vez reforça sua solidariedade ao povo gaúcho e a todos os povos e comunidades impactadas agora, anteriormente, ou que vão vir a ser impactadas por desastres. A entidade coloca à disposição tanto o conhecimento técnico e esforços de sua diretoria, como está disponibilizando recursos financeiros para quem está ajudando neste momento e vai contribuir na reconstrução do Rio Grande do Sul. Sejamos unidos e fortes, na resistência e na reconstrução.