Senge-PR detalha pauta de reivindicações à Comissão da Sanepar

Além das cláusulas financeira, entidade detalhou pauta específica

Sindicato levou a pauta de reinvidicações da engenharia. Foto: Manoel Ramires/Senge-PR
Comunicação
27.FEV.2024

A Comissão de Negociação da Sanepar se reuniu com a comissão do Senge-PR formada pelos Departamentos Jurídico, Negociação e DIEESE. O encontro serviu para esclarecer a contraproposta da entidade com relação ao Acordo Coletivo de Trabalho 2024. A primeira posição da empresa se limitava à conceder o reajuste da inflação e acréscimo de 1% apenas para salários de até R$ 3778 mil. O valor é muito abaixo do salário mínimo profissional da engenharia. Além da cláusula financeira, o sindicato debateu artigos específicos apresentados na pauta da categoria.

O economista do DIEESE Sandro Silva destacou que de 2010 para cá, a empresa só ofereceu ganho real em duas negociações. Por outro lado, se observa que o cenário econômico no país tem garantido ganhos reais para todas as categorias nos últimos dois anos. Em 2023, a estimativa é de que 77% das negociações tiveram ganho real. A empresa, por sua vez, disse que tem dado ganho no PCCR. 

Outro ponto de destaque levado à Sanepar é o encarecimento da alimentação com grande perda para os trabalhadores. A cesta básica de Curitiba é uma das mais caras do país. A avaliação é que o reajuste nesse quesito tem que ser maior do INPC. “Quando a gente olha isso indicadores financeiros, a gente observa o aumento da receita e do lucro que, de uma certa forma, não é repassada para os trabalhadores”, comenta o economista. 

Lucro e gastos com pessoal

Ao apresentar a proposta de reajuste com ganho real, totalizando 6,97%, foi considerado que a Sanepar tem reduzido os gastos com pessoal e também aumentado exponencialmente seu lucro. Em 2010, por exemplo, a folha de pagamento representou 30% das despesas. Já em 2022, a folha de pagamento caiu para 22%. “Isso significa aumento da receita e enxugamento do quadro de funcionários”.. 

Outro ponto de divergência é a política de remuneração dos acionistas. Com lucros recordes, Sanepar pode pagar mais por abono dos funcionários. Anote esses dois números: 749,77% e 1062,93%. Eles representam o aumento do lucro da Sanepar desde 2010 e a quantidade de dividendos distribuídos ao mercado financeiro. Quantidade estratosférica muito diferente quando comparada ao abono pago aos funcionários dentro do Acordo Coletivo de Trabalho.

Em 2010, a empresa pagou R$ 37 milhões em dividendos. Já em 2022, R$ 432 milhões.

  • Distribuição de lucros em relação ao lucro líquido (percentual do Lucro Líquido) 
  • 2018 | R$ 423 milhões (47,49%) 
  • 2019 | R$ 330 milhões (30,59%)  
  • 2020 | R$ 296 milhões (29,75%) 
  • 2021 | R$ 343,5 milhões (29,27%) 
  • 2022 | R$ 432,6 milhões (37,57%)

Por quê ganhou real

O pedido para as cláusulas financeiras leva em consideração a inflação baixa e o ganho real das categorias. A expectativa é de fechar a inflação da data-base em torno de 3%. “O governo aumentou o salário mínimo Regional, dando ganho real, mas não vai remunerar os trabalhadores dele nessa negociação? O percentual leva em consideração esse ganho da classe trabalhadora”, considera Sandro, do DIEESE.

A Sanepar reconhece as diferenças salariais entre os trabalhadores da empresa. A gerência diz que busca corrigir esse montante. Essa é a justificativa para limitar o ganho real a 1% com um teto abaixo do piso da categoria. 

Por outro lado, o presidente do Senge-PR, engenheiro eletricista Leandro Grassmann, comentou que se a classe não for valorizada, é possível ter uma tendência de esvaziamento de profissionais. Ele destacou a realização de concursos públicos que têm oferecido bons salários. Além disso, o próprio mercado privado tem buscado profissionais qualificados.

Com relação a política do abono como remuneração, conforme histórico, de 1994 para cá, o trabalhador da Sanepar tem perda salarial de quase 15,83%. Isso representa mais de 2,3 salários por ano que se deixa de receber. 

Sindicato defendeu a pauta específica da engenharia

Na pauta específica, se tratou, principalmente, da participação e gerenciamento de contratos. Para os profissionais, o bônus referente pode ser melhorado. “Estamos reivindicando é uma forma de compensação. A resposta para todos os sindicatos não tratou dessa temática”, destaca o engenheiro mecânico Leandro Novak, que trabalha na Sanepar, reafirmando que é “preciso dar segurança a esses profissionais”. A empresa informou que está analisando o gerenciamento de contratos. 

O Senge-PR ainda solicitou que com relação à pauta específica, a empresa possa comentar item a item. “Todos os itens foram debatidos com a categoria e em consultas. Para isso, é necessário que haja uma resposta em respeito a esse debate”, conclui Novak.

::. DIEESE DADOS SANEPAR

::. Sanepar: Formação de pauta 2024

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