Referência de transporte coletivo barato e eficiente? Essa não é mais Curitiba, na visão de Lafaiete Santos Neves, especialista em Mobilidade Urbana e Transporte Coletivo, membro do Conselho da Cidade de Curitiba (CONCITIBA). Ele participou de um debate sobre Tarifa Zero em uma audiência pública no Distrito Federal. O tema vem ganhando cada vez mais espaço no país e às vésperas das eleições municipais.
No debate, ele disse que Curitiba não pode ser tomada como um exemplo sem defeitos. “É uma cidade com 1,8 milhões de habitantes, com a tarifa mais cara do Brasil e parece que a questão da tarifa zero passa longe. É uma questão séria. Os grandes interessados hoje na tarifa zero são os empresários. Esse é um ponto que precisamos anotar no caderninho. Em toda profunda crise do capitalismo, se socializa o prejuízo”, argumentou.
Curitiba é modelo em tecnologia, mas não em preço. De acordo com Lafaiete, “os trabalhadores estão abandonando o transporte porque está superfaturado o preço da tarifa. Se quisermos ser honestos, temos que abandonar o sistema atual. Tarifa zero sim, mas IPK (Índice de passageiros transportados por quilômetro) não. Vamos ao custo real mais o lucro de 11% líquido. Mas o ganho real está nos insumos que usam e a gente não consegue descobrir quanto custam”, defendeu o especialista.
TARIFA MAIS CARA ENTRE AS CAPITAIS
Em 2015, Curitiba alcançou o posto de tarifa mais cara do transporte urbano no Brasil. O problema é que, na capital paranaense, 70% do sistema está nas mãos de apenas uma família, que criou empresas de fachada e teve acesso à licitação antes mesmo de ela ser aberta, em 2010. A fraude na licitação gera prejuízos imensos à população.
No documentário “Entre Linhas: o que está oculto no transporte público coletivo de Curitiba”, é mostrado como na capital paranaense o transporte coletivo virou um negócio rentável e suspeito.
TARIFA ZERO NO PARANÁ
Existe Tarifa Zero no Paraná. É o que mostram a Articulação Mobilidade Popular (@mobilidadepopular) junto com a Frente pela Tarifa Zero (@tarifazero.ctba). Os organismos estão produzindo materiais e eventos sobre a importância da mobilidade sustentável e da tarifa zero como política de democratização da mobilidade em Curitiba e no Paraná. “Este material mostra as cidades onde a tarifa zero é realidade no estado e vem para mostrar como é possível que mais cidades adotem a medida”, defendem.
Pelo menos 10 cidades paranaenses adotaram o modelo.