Aconteceu, nesta quarta-feira (24), um ato público com o objetivo de conscientizar a população paranaense sobre as consequências da privatização da Copel, prevista para acontecer ainda em 2023. A manifestação, organizada pelo Fórum Popular em Defesa da Copel em parceria com a Frente Parlamentar das Estatais e Empresas Públicas da Assembleia Legislativa (Alep), ocorreu na Boca Maldita, histórico local de mobilização popular em Curitiba, e contou com a presença de políticos, sindicalistas e membros da sociedade civil paranaense.
Diversos copelinos e copelianas, como são chamados os trabalhadores da Copel, participaram do evento. O presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná (Senge-PR), Leandro Grassmann, funcionário da Copel, levantou, em sua fala, a questão da precarização dos serviços da Companhia, causada pelo foco da empresa em ter um “mindset privado”. “Se a gente quer aqui no Paraná uma qualidade de serviço pior do que a gente já tem, o caminho é vender a Copel”, declarou, ressaltando que o lucro exorbitante dos acionistas vem aos custos das condições de trabalho: “hoje, a Copel está sobrecarregando os empregados. E quem é terceirizado da Copel está trabalhando em condições subumanas”.
Os deputados estaduais Arilson Chiorato (PT), coordenador da Frente Parlamentar das Estatais e Empresas Públicas da Alep; Requião Filho (PT), líder da oposição; e Ana Júlia Ribeiro (PT), também ocuparam o palco do evento. Chiorato, que acusou o atual governador Ratinho Junior (PSD) de estelionato eleitoral – Ratinho Junior se elegeu com a promessa de manter o controle do governo do Estado sobre a Copel – também criticou a gestão da Companhia, defendendo que os lucros que hoje são distribuídos aos acionistas deveriam ser reinvestidos no estado do Paraná. Requião Filho chamou Ratinho Junior de “menino que brinca de governador”, condenando as tentativas do atual governo de privatização de bens públicos. Ana Julia também criticou Ratinho Junior e sua promessa de campanha quebrada, chamando a venda da Copel de roubo para o Paraná: “nós precisamos defender a Copel para defender a soberania do nosso Estado”, completou a deputada.
O ex-governador do Paraná, Roberto Requião, também participou do evento, resgatando o histórico de tentativas de venda da Copel ao longo dos anos e a mobilização popular em torno da empresa: “que o Paraná acorde e tenha coragem de impedir essa patifaria”, concluiu Requião, que utilizou sua fala para também criticar a gestão da Companhia.
A estimativa da Polícia Militar é que entre 500 a 700 pessoas passaram pelo evento, que se encerrou com a liberação de balões laranja, cor símbolo da Copel. A expectativa é que ações semelhantes aconteçam nas próximas semanas, em Curitiba e em cidades do interior do estado, na medida em que o calendário de privatização da empresa avança.