Na última quinta-feira, 12 de fevereiro, o governador Ratinho Junior (PSD) nomeou Rogério Carboni, um homem branco, como secretário interino da Mulher e da Igualdade Racial do Paraná. A justificativa do governo foi que a nomeação de Carboni, que acumulava o cargo de secretário de Desenvolvimento Social e Família, acontecia para “para dar andamento a questões burocráticas, já que a pasta foi desmembrada da que Carboni estava à frente, a antiga Secretária de Justiça, Família e Trabalho”. Quatro dias depois de críticas intensas de entidades da sociedade civil, o Governo anunciou a deputada federal Leandre, também do PSD, para o comando da pasta.
O mesmo decreto que nomeou Carboni trouxe mais duas surpresas: entre os nomes indicados para chefes de coordenação da secretaria havia uma única mulher, Josefina dos Santos Vieira da Silva, e Fernando Francischini (União Brasil), ex-deputado estadual condenado e cassado por fake news. Francischini acusou fraudes nas urnas durante o primeiro turno de 2018. Teve seu mandato cassado e está inelegível até 2026. Francischini também está por trás do massacre de 29 de abril de 2015, quando mais de 200 pessoas foram feridas por policiais militares no Centro Cívico enquanto acompanhavam em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) a votação do projeto de lei que alterava o custeio da Paraná Previdência.
Nesta terça-feira, 17, o Governo do Estado informou que Francischini será realocado para outra pasta.
Apesar do recuo de Ratinho Junior, essa série de erros marca um mau começo para a recém-criada Secretaria da Mulher e da Igualdade Racial e é demonstrativa da falta de diversidade e representação da atual gestão. Fica a dúvida se a pasta vai conseguir superar sua estrutura e cumprir sua função social, ou será transformada em um cabide de cargos para aliados do atual governador.