A Copel apresentou sua proposta relativa à pauta financeira. A empresa queria que o abono fosse extinto ao longo do tempo. Também foi sinalizada a intenção de retomar a negociação pela retirada do terço de férias adicional. A companhia queria a substituição do direito por outro benefício. A proposta foi questionada pelos sindicatos, que apresentaram alternativas de conciliação e ganho real. A quarta rodada de negociações foi agendada para o começo de novembro.
Em um primeiro momento, as entidades solicitaram que a posição inicial da empresa fosse oficializada. As entidades questionaram a visão da gestão de prestigiar os acionistas.
“A empresa parece só ter olhar para os acionistas, para o mercado, para o lucro. Já para os funcionários, toma atitudes que sangram o bolso, a jornada e a carreira dos copelianos. Parece que os trabalhadores e sua energia de trabalho não são o maior ativo da Copel”, criticam.
Para os coletivos sindicais, essa discrepância na negociação é decorrente da agenda estabelecida pelo presidente da Copel, Daniel Pimentel Slaviero, que se vangloria de gerar lucros históricos enquanto enxuga o quadro de funcionários ano após ano. “Enquanto o presidente entra de Porsche na empresa, um eletricista mal consegue comprar uma bicicleta”, compara-se.
Proteção aos trabalhadores
As entidades ainda observam que a mesa de negociação deveria focar nas perdas, na perspectiva de ganho real, na melhoria do teletrabalho, entre outros pontos. Não foi bem o que aconteceu. A parte da proposta da empresa, apresentada até o momento, desconstrói a pauta dos trabalhadores. Os sindicatos entendem que ainda não há condições de levar a proposta da empresa para avaliação da categoria. Reajustes de salários e demais benefícios ainda não entraram em discussão.
Os dirigentes ainda solicitaram a ampliação da carta com garantia da data-base que se encerra no dia 31 de outubro.
Diante do impasse e de uma proposta de ganho real, a Copel disse que vai avaliar o cenário econômico proposto. Ainda ficam pendentes a questão do abono, devolutiva do Banco de Horas, a proposta do PLR e o terço de férias.
O próximo encontro – quarta rodada de negociações – fica agendado para 3 e 4 de novembro, após o Feriado de Finados.
Privatização no radar
A postura da Copel ocorre em um momento em que o Governo do Paraná, acionista majoritário da empresa, voltou a falar em vender mais partes da empresa. Reeleito no primeiro turno, o governador Ratinho Jr salientou que eventuais mudanças econômicas podem fazer ele mudar de posição.
“Apesar de não haver pretensão de privatizar a companhia no curto prazo, Ratinho indicou uma mudança de postura ao aventar a possibilidade do evento caso ocorram eventuais mudanças na perspectiva, um avanço em relação a posicionamentos passados”, explica a Levante Investimentos, em seu morning call.
Em mesa de negociação, os prepostos da Copel informaram que a companhia dará explicações à Comissão de Valores Mobiliários CVM), que cobrou comentário sobre a frase do governador.