A Petrobras anunciou o terceiro corte no preço da gasolina no mês de agosto. As reduções ocorrem após os Estados serem obrigados a cortarem o ICMS cobrado na bomba. Após um julho com deflação de 0,68%, a expectativa é que agosto também segure a inflação, mesmo com a alta de outros produtos no supermercado e no cotidiano da população brasileira. A questão que fica é: essas reduções vieram para ficar ou são apenas medidas eleitorais? O tema foi discutido no último episódio do Senge Play, na Rádio Cultura. A conversa foi com o economista Sandro Silva, do DIEESE.
O economista avaliou que essa queda na inflação é superficial. Ela não é sentida, por exemplo, por quem anda de ônibus. Se de um lado, o item transportes baixou, de outro, alimentação e bebidas e habitação seguem em alta. Na avaliação de Sandro Silva, “a redução dos combustíveis não pode ser considerada uma medida que beneficia diretamente toda a população.
O fato é que os brasileiros têm perdido renda por três fatores: inflação alta, reajuste salarial abaixo do índice inflacionário, e a precarização do trabalho. Em abril deste ano, por exemplo, a inflação bateu em 12,47%, efeito das altas de preços da gasolina e diesel. Os mais prejudicados pelas altas são a população de baixa renda, que não faz uso do carro, mas está sofrendo no supermercado. A carne subiu 40% de 2020 para cá, o leite 90,7% em três anos, o café 91,25% e o óleo 143,84%.
Já a recuperação da ocupação no mercado de trabalho, após os impactos iniciais da pandemia, ocorreu sobretudo por meio do trabalho por conta própria. É o que indica os dados analisados pelo DIEESE. O número de trabalhadores nesse tipo de ocupação – por conta própria – retornou ao patamar pré-pandemia já no primeiro trimestre de 2021. Por outro lado, o rendimento médio dos trabalhadores por conta própria que começaram o trabalho nessa posição caiu nos últimos dois anos. Ele equivalia a 69,1% do recebido por aqueles que estavam nessa condição há dois anos ou mais, segundo dados do quarto trimestre de 2021.
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