“O desafio pra frente é manter a economia crescendo e o mercado de trabalho aquecido. Sem isso, poderemos assistir num futuro próximo a queda daqueles que melhoraram de vida nos últimos 12 anos”, afirmou o economista Denis Maracci Gimenez, em palestra realizada no Senge-PR, nesta sexta-feira (12), sobre mobilidade social e a formação da “nova classe média”.
De acordo com Gimenez, que é pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp, o termo corresponde ao fenômeno pós 2004 no país de ascensão dos setores mais pobres, numa segmentação da sociedade em estratos de renda, em que em torno de 30 milhões pessoas ascenderam da pobreza e da miséria para as camadas intermediárias.
Essa mobilidade social vem sendo possível, segundo o economista, devido a ampliação e intensificação das ações do governo no crescimento da geração de emprego, no aumento da renda e do salário mínimo, na promoção de políticas sociais, e na abertura de canais de acesso ao crédito.
Apesar da ascensão econômica, Gimenez questiona, no entanto, o uso da terminologia “nova classe média” para localização dessa camada social que vem crescendo ao longo dos últimos anos. “Não se pode fazer uma dedução estatística de distribuição de renda para auferir que é ou quem não é da classe média. Ser da classe média envolve estilos de vida que passa não só pela renda, mas também por como se educa o filho, em qual hospital se consulta, que transporte utiliza, se tem acesso a cultura ou não, ou seja, existem elementos muito mais complexos do que simplesmente deduzir do comportamento da renda a posição de classe. Isso envolve um esforço de interpretação sociológico muito mais sofisticado”.
A melhoria de condições de vida dessas camadas sociais não foram acompanhadas de uma mudança estrutural da economia, nem uma revolução no padrão de geração de ocupações de emprego. Há uma intensa dependência, segundo Gimenez, dessa “nova classe média” a renda e ao mercado de trabalho, e consequentemente à necessidade da manutenção do crescimento econômico do país. “Eles melhoraram muito nos últimos 12 anos, mas estão presos por uma linha muito frágil que é a dinâmica do emprego e da renda. Da mesma forma que o emprego/renda/política social e crédito puxaram essa classe para cima, a falta de crescimento econômico bloquearia os canais de mobilidade”.
Em parceria com o Cesit, Senge realiza ciclo de palestras sobre economia do trabalho e sindicalismo – O Senge-PR, em convênio firmado com o Censit e com o Instituto Democracia Popular, realizará palestras com professores da Unicamp sobre mercado de trabalho, perspectiva da economia brasileira, mobilidade social e sindicalismo.
As palestras do ciclo de debates, intitulado Economia do Trabalho e Sindicalismo, será promovido mensalmente, na sede do Senge-PR em Curitiba. A entrada é gratuita, e as inscrições devem ser realizadas pelo e-mail institutodemocraciapopular@gmail.com.
A próxima palestra do ciclo, a ser realizada no dia 13 de março, a partir das 14 horas, será ministrada pelo professor Marcelo Manzano, que falará sobre a conjuntura e perspectiva da economia brasileira.