Brasil registra maior inflação para setembro em 27 anos

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro fala que livrou o Brasil do risco do comunismo, ataca o passaporte da vacinação e diz que a covid-19 só abreviou a vida de quem ia morrer em breve, a inflação no país dispara e os brasileiros vivem em apuros financeiros. A prévia da inflação para o mês de setembro de 2021 registrou alta de 1,14%, maior índice em 27 anos, desde 1994. Os vilões da inflação são as altas dos combustíveis, conta de luz, água e carne.

Segundo o IBGE, houve alta em oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados. O maior impacto (0,46 p.p.) e a maior variação (2,22%) vieram do grupo Transportes. A segunda maior contribuição veio de Alimentação e bebidas (1,27% e 0,27 p.p.), que subiu mais do que no mês anterior (1,02%). Na sequência, veio Habitação (1,55%), cujo resultado desacelerou em relação ao IPCA-15 de agosto (1,97%) e contribuiu com 0,25 p.p. no índice do mês. Os demais grupos ficaram entre o -0,01% de Educação e o 1,23% de Artigos de residência.

“O resultado do grupo Transportes (2,22%) foi influenciado pela alta dos combustíveis (3,00%), acima da registrada no mês anterior (2,02%). A gasolina subiu 2,85% e acumula 39,05% nos últimos 12 meses. Esse subitem exerceu o maior impacto individual do mês no IPCA-15, o mesmo da energia elétrica: 0,17 ponto percentual. Os demais combustíveis também apresentaram altas: etanol (4,55%), gás veicular (2,04%) e óleo diesel (1,63%)”, registra o IBGE.

Para Bolsonaro, mentindo, a alta dos combustíveis é reflexo dos impostos cobrados pelos estados. No entanto, em nota de 20 governadores (não assinada pelo governador do Paraná), eles explicam que “o preço da gasolina registrou um aumento superior a 40%, embora nenhum Estado tenha aumentado o ICMS incidente sobre os combustíveis ao longo desse período”. A alta se deve, portanto, a política de preços do governo de atrelar o custo do barril ao mercado internacional e ao dólar caro.

Carne cara

O resultado do grupo Alimentação e bebidas (1,27%) foi influenciado, segundo o IBGE, principalmente pela alimentação no domicílio, que acelerou de 1,29% em agosto para 1,51% em setembro. Os preços das carnes subiram 1,10% e contribuíram com 0,03 p.p. de impacto.

Curitiba tem a inflação acumulada mais cara do Brasil

Além da inflação mais alta nos últimos 27 anos, o Brasil passou dos dois dígitos de inflação acumulada nos últimos doze meses. O índice geral chegou a 10,05%, sendo que transportes bateu em 17,25%. No Brasil, a capital com maior inflação acumulada é a capital paranaense. Curitiba atingiu 1,58% para setembro de 2021 e 12,61% no acumulado dos últimos doze meses. “A maior variação foi registrada em Curitiba (1,58%), onde pesaram as altas da gasolina (5,90%) e da energia elétrica (4,92%)”, registra o IBGE.