A Copel realizou um grande evento virtual para o mercado. O Copel Day, apresentado pelo presidente da companhia, Daniel Slaviero Pimentel, e com a presença dos diretores da empresa, teve objetivo de destacar a “Nova Copel”. Uma empresa “pronta para o futuro e com gestão de resultados”, focada ainda mais para o mercado financeiro. A companhia de energia paranaense mostrou vigor e um lucro de R$ 3,9 bilhões em 2020, mesmo com a pandemia.
Após apresentar todos os setores e intenções da Copel: ampliação das receitas e cortes de custos, inclusive de funcionários, o presidente pediu que os acionistas sigam investindo na Copel, que agora está migrando para o Nível 2 da B3 (Bolsa de Valores) e se comprometendo com o nível integral de reajuste tarifário, encarecendo a conta dos paranaenses, e com maior independência de gestão.
“A Copel vem se modernizando para navegar em ambientes cada vez mais complexos e competitivos. Hoje temos uma empresa com mais governança, previsibilidade, maior transparência e sólidas perspectivas de longo prazo. O nosso mindset (o que importe é) é privado e nos comparamos sempre com as melhores referências do setor. Nós cumprimos todas as nossas promessas e cumpriremos todas as novas promessas feitas hoje” para a Copel Geração, Transmissão e Distribuição, sintetiza Pimentel.
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Uma empresa mais enxuta e mais lucrativa. Com isso, a empresa vendeu a “Copel na Telecom, seu braço de internet, por R$ 2,39 bilhões, com ágio de cerca de R$ 1 bilhão”. Para os gestores, a nova empresa busca mais competitividade focando no custo de capital, níveis de investimentos, fontes de investimentos e remuneração de acionistas. A Copel ainda vende ao mercado responsabilidade ambiental e grande retorno financeiro para investidores com o aumento do lucro da Copel Distribuição e da Copel Transmissão.
Segundo Rudek de Moura, diretor de Finanças e de Relações com Investidores, a política de dividendos visa que a Copel seja consistente na entrega dos resultados e na remuneração dos acionistas. A remuneração dos acionistas pode chegar a 65% do lucro líquido, dependendo da alavancagem (endividamento) da Companhia. Afirma ainda que as ações da Copel têm potencial de crescimento pois o valor negociado está abaixo do valor patrimonial da ação, múltiplos menores que a média do seu segmento e maior retorno aos acionistas.
Meritocracia e menos pessoal são marcas do futuro
Segundo os diretores, o desenvolvimento de lideranças é um foco da “Nova Copel”. Isso se dá por meio da Universidade Corporativa. “Estamos reformulando nossa escola de lideranças para desenvolver as competências dos líderes. Nós mapeamos as competências necessárias para a liderança do futuro, estabeleceremos planos individuais para as lideranças e contamos com parceiros renomados de mercado para desenvolver essas competências necessárias para chegar a esta transformação cultural”, pontua a diretora de Gestão Empresarial, Ana Letícia Feller, que complementou: “sem os líderes, nossos empregados não teriam a possibilidade de seguir esse caminho que estamos traçando, estabelecendo”.
Ana Letícia reforçou a venda do prédio sede localizado no centro de Curitiba. Para ela, isso vai aumentar a sinergia entre diretores e funcionários, localizando todos no KM3. A empresa já cortou ⅓ de seus funcionários. E as demissões devem prosseguir, como no caso do Call Center, que está sendo terceirizado. “Há um compromisso da nossa gestão de austeridade de custos”, comenta Maximiliano Andres Orfali, diretor da Copel Distribuição.
Prevenção a Covid e contaminação de terceirizados
O evento foi realizado em estúdio e aberto pelo presidente afirmando que a empresa segue todos os protocolos de segurança e saúde. “Todos os profissionais que estão no estúdio foram testados e usam equipamentos de proteção individual. Nós, que estamos falando com vocês, estamos sem máscara, mas fomos testados e manteremos o distanciamento social”, explicou Pimentel.
O presidente admitiu que o momento é difícil no país. “Estamos vivendo um momento de muita adversidade. Em plena pandemia, estamos na pior fase dela. O Brasil registrou mais de 3 mil mortes ontem e o Paraná está de luto com mais de 15 mil mortes e nós perdemos cinco companheiros da Copel”, lamenta.
Prevenção, pero no mucho. O diretor-geral da Copel Geração e Transmissão, Moacir Carlos Bertol destacou que a Copel entregará a PCH Bela Vista com 2,5 anos de antecedência. “Temos obras em andamento. Vamos entregá-la operando com com dois anos e meio de antecedência do marco regulatório legal”, comemora. O local, no entanto, registrou o segundo caso de Covid em massa da companhia. Nada menos do 40 dos 78 terceirizados e uma empregada contraíram Covid. Uma pessoa foi internada.
A pressa das obras também foi comemorada para as obras em Jandaíra. “Um investimento de R$ 440 milhões com um sistema muito organizado de controle do cronograma. Temos a expectativa do prazo legal de entrega de janeiro de 2025 para meados de 2022 com mais de dois anos de antecedência. Uma gestão severa no sentido de cumprir prazos’, sentencia Bertol. Por fim, o diretor comenta sobre a entrega da LT Blumenau-Curitiba Leste. Obra essa que teve o primeiro caso de COVID em massa na Copel com 140 funcionários testados e 48 casos positivos.
Preservar vidas e empregos na nova Copel?
Para o presidente do Senge-PR, Leandro Grassmann, que acompanhou a apresentação do Copel Day, a empresa apresenta resultados expressivos e consistentes, antecipa suas obras, mas mostra-se insensível aos próprios empregados, vez que os expõe a riscos de contaminação no pior momento da pandemia.
“Os sindicatos têm feito inúmeros pedidos à Copel para que só mobilize empregados em situações realmente emergenciais neste momento. Infelizmente a pressa em entregar as obras fala mais alto do que a saúde dos empregados”, contextualiza.
Para ele, é importante alertar que a “Nova Copel” cria um processo de remuneração variável baseado numa suposta meritocracia que “só atinge as lideranças enquanto os empregados de base são preteridos de progressões na carreira e de possibilidades de crescimento ou treinamento”. Por fim, o dirigente alerta que “os terceirizados vivem à margem de tudo. Não há nenhuma preocupação da gestão da empresa com as condições de trabalho e saúde dos terceiros”, complementa Grassmann.