O atípico ano de 2020 deve ter forte impacto na geração de empregos e na expansão da engenharia brasileira e paranaense. Após anos de ouro de 2003 a 2014, o segmento vinha sofrendo perdas no ano seguinte. A retomada tímida aconteceu em 2019 com um ligeiro crescimento da economia. É o que aponta relatório do DIEESE encomendado pelo Senge-PR.
O estudo mostra que o número de trabalhadores na engenharia brasileira passou de 139.757 em 2003 para 233.640 trabalhadores em 2019, o que representa um aumento de 67,18%. Os impactos negativos foram verificados entre os anos de 2015 e 2018, que acumulou queda de quase 15%, com a eliminação de 38,5 mil empregos. Portanto, em 2019 haviam 27,2 mil profissionais a menos do que em 2014 (260,8 mil), que foi o maior número da série histórica.
No estado do Paraná, o número de trabalhadores aumentou 87,89% no período de 2003 a 2019, passando de 8.285 em 2003 para 15.567 trabalhadores em 2019. A queda na quantidade começou a partir de 2014, sendo de 9% até 2018.
Com relação aos vencimentos profissionais, a remuneração média em dez/2019 era de R $9.831,46, aumento de 135,64% em relação a remuneração média em dez/2003 (R $4.172,30). Por outro lado, considerando a inflação em igual período, 135,11%, praticamente não houve ganho real. Atualmente, o Salário Mínimo Profissional (SMP) é de R $6.270,00 para uma jornada diária de seis horas e R $8.882,50 em uma jornada de 8,5 horas diárias. A fiscalização do pagamento do salário mínimo é promovida pelos Conselhos Regionais.
Perfil dos engenheiros e engenheiras
Os setores que mais empregam profissionais são engenharia civil (23,0%), engenharia agrônoma (17,7%) e engenharia de produção (9,8%). No Paraná, os trabalhadores estavam ocupando cargos na administração pública em geral (15,6%), fabricação de automóveis, camionetas e utilitários (4,3%), Construção de edifícios (4,2%), serviços combinados de escritório e apoio administrativo (4,1%).
A profissão, no Paraná, segue sendo predominantemente masculina, branca e de meia idade. São 81% homens e 19% mulheres. As faixas com maiores participações no total eram a de 30 a 39 anos (40,1%), de 40 a 49 anos (21,4%) e de 25 a 29 anos (17,1%), juntas estas três faixas respondiam por 78,6% da categoria, já os trabalhadores com mais de 40 anos representavam 40,1%.
Desafios da engenharia para 2021
Muitos setores da engenharia foram considerados essenciais durante a pandemia. Desde a construção civil, passando pelos engenheiros agrônomos e os destaques para construção e melhoria de equipamentos no combate ao vírus. Isso até fez com que o setor crescesse. Por outro lado, os ataques aos direitos trabalhistas, operações de combate à corrupção que focaram as empresas e não seus donos e a possibilidade de abertura do mercado interno para que empresas internacionais participem de licitações públicas faz com que o cenário seja de preocupação.
“A engenharia é um setor estratégico para a soberania nacional. Seja na construção civil, na geração de energia, no fornecimento de água, no desenvolvimento do campo, na proteção do meio ambiente, na exploração de novas matrizes energéticas e no combate ao Covid-19, os engenheiros e engenheiras são protagonistas de um país novo e diferente de um modelo entreguista e predatório. Temos que estar atentos para ações governamentais e privadas que contrariem o interesse público e desenvolvimentista. Nesse nosso dia, quero destacar que a valorização da engenharia passa pela valorização profissional”, enaltece Leandro Grassmann, presidente do Senge-PR.